A renúncia do premier grego, Alexis Tsipras, era esperada desde que seu partido, Syriza, de esquerda, dividiu-se na primeira votação do pacote de austeridade que abriu caminho para o plano de resgate à Grécia.
Dos 149 parlamentares do Syriza, 40 negaram apoio às medidas acordadas entre o governo e os credores, que incluem Comissão Europeia e Banco Central Europeu. Ainda assim, o pacote foi aprovado com votos da oposição.
Premier grego renuncia ao cargo
Tsipras e seu partido venceram as eleições parlamentares de 25 de janeiro com 36% dos votos. Seu programa era de extrema esquerda: propunha a rejeição dos termos acordados em 2010 e 2012 com os credores - os chamados Memorandos de Entendimento -, o fim das medidas de austeridade e o não pagamento da dívida grega.
Depois de cinco meses de negociações duras e tensas, o premier suspendeu as tratativas, decretou um corralito (controle de capitais) e convocou um plebiscito para o dia 5 de julho no qual 63% dos votantes rejeitaram as propostas de Bruxelas e Berlim. Finalmente, no dia 13, o governo grego anunciou que aceitara um novo plano ainda mais duro do que o originalmente apresentado pelos credores. Resumindo: no momento em que dispunha de mais apoio para rejeitar a política de austeridade, Tsipras decidiu abraçá-la com todo vigor.
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Apesar da rejeição de parte de seu partido ao novo pacote, Tsipras continua sendo o político mais popular da Grécia. Sua intenção, com a renúncia, é livrar-se da ala mais à esquerda de Syriza e chancelar o novo caminho adotado por seu governo. Ao mesmo tempo, o gesto permite que o primeiro-ministro dê um novo início ao mandato num momento em que a impopularidade previsivelmente resultante das medidas aprovadas no parlamento ainda não está no auge.
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