A Guiné-Bissau entrou nesta quinta-feira em uma crise política depois que o presidente da república, José Mario Vaz, dissolveu o governo do primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, por mal-entendidos na cúpula do Estado.
"O governo liderado pelo primeiro-ministro Domingo Simões Pereira está dissolvido", informa um decreto presidencial da noite de quarta-feira que a AFP recebeu nesta quinta-feira.
Pereira havia formado seu Executivo em julho de 2014, depois da vitória de José Mario Vaz nas eleições presidenciais de maio.
Em um discurso à nação na noite de quarta-feira, Vaz declarou que "a crise de confiança na cúpula do Estado", que prejudicava o "bom funcionamento das instituições", não pôde ser resolvido apesar do esforços de conciliação de diferentes interlocutores.
O presidente deu como exemplo de questões em litígio com seu primeiro-ministro "a designação de um novo chefe do Estado maior do exército", "a corrupção, o nepotismo, e obstruções à justiça", entre outros.
Tanto Vaz como Pereira são membros do Partido Africano pela Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde (PAIGC), formação que liderou a luta pela independência desta ex-colônia portuguesa, obtida em 1974.
Após a dissolução do governo, o presidente Vaz deve "pedir ao PAIGC que lhe proponha o nome do futuro primeiro-ministro, como estabelece a constituição", explicou à AFP o jurista guineense Carlos Vamain.
O PAIGC, que conta com a maioria na Assembleia Nacional com 57 deputados dos 102 que a compõe, tinha previsto reunir-se nesta quinta-feira para escutar o nome proposto, segundo fontes próximas a este partido.
Mas poderá ser dado um bloqueio se o partido decidir manter em suas funções Domingo Simões Pereira, segundo as mesmas fontes.
* AFP