Pelo sexto mês seguido, a poupança registrou perda de recursos. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central, os correntistas retiraram R$ 38,542 bilhões a mais do que depositaram no primeiro semestre. A caderneta registrou a pior captação líquida (diferença entre depósitos e retiradas) da história (a compilação de informações começou em 1995) para o período.
Nos seis primeiros meses do ano, os brasileiros depositaram R$ 909,632 bilhões na poupança. No entanto, as retiradas somaram R$ 948,174 bilhões. Apenas em junho, os investidores sacaram R$ 6,261 bilhões a mais do que depositaram na poupança, também a pior captação líquida registrada para o mês. No mês passado, os depósitos somaram R$ 162,854 bilhões, mas os saques totalizaram R$ 169,114 bilhões.
Nos últimos meses, vários fatores estão provocando a fuga de recursos dessa modalidade de aplicação financeira. Em primeiro lugar, a alta da Selic (taxa básica de juro da economia) tornou a poupança menos atraente que outras aplicações. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a caderneta é vantajosa do que os fundos de investimento apenas quando as aplicações são inferiores a seis meses.
A alta da inflação também contribuiu para a perda de atratividade da poupança. Nos últimos 12 meses, a caderneta rendeu 7,43%, equivalente à Taxa Referencial mais 6,17% ao ano. A inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), porém, está em 8,47%, puxada pela alta de preços administrados, como combustíveis e energia.
O aumento dos preços e do endividamento dos consumidores também diminuem a sobra de recursos a ser aplicada na caderneta.