As equipes de resgate tentavam, neste sábado (18), na cidade iraquiana de Khan Bani Saad, resgatar sob os escombros os corpos das vítimas de um ataque suicida com carro-bomba em um mercado, que matou ao menos 120 pessoas, conforme informações da CNN.
Este ataque suicida, realizado na sexta-feira (17) pelo grupo Estado Islâmico (EI), é um dos mais mortais desde que os extremistas conquistaram vastos territórios no Iraque há um ano. Também ocorre no momento em que o país celebra o Eid al-Fitr, que marca o fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã.
A população desta cidade, predominantemente xiita e localizada 20 km ao norte de Bagdá, relatam um cenário de horror no dia seguinte ao ataque, que vitimou 15 crianças.
- Havia pessoas que queimavam dentro de seus carros porque nenhuma ambulância ou carro de bombeiro conseguia alcançar (o local do atentado) - relatou Muthanna Saadoun, um motorista de caminhão de lixo de 25 anos que usou seu veículo para apagar os incêndios provocados pela explosão.
O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque em fóruns jihadistas na internet, afirmando que o carro continha três toneladas de explosivos.
A explosão causou danos em vários edifícios e abriu uma enorme cratera de cinco metros de largura e dois metros de profundidade na rua.
Pedaços carbonizados de carne continuavam pendurados em uma tenda devastada pelo fogo. Uma escavadeira do exército limpava os escombros, enquanto alguns edifícios continuavam em chamas, duas horas após o ataque que atingiu o coração de um movimentado mercado.
Os muçulmanos sunitas começaram a celebrar o Eid al-Fitr na sexta-feira, mas a comunidade xiita, majoritária no Iraque, o faz neste sábado.
Os mercados costumam receber um grande número de pessoas na véspera de festas, quando as famílias compram roupas e comida.
- Todos os anos (durante o Ramadã) há um ataque a bomba. Nos criticam por sermos xiitas - lamentou Saleh. - Este é o pior ataque na província de Diyala desde 2003.
Khan Bani Saad está localizada em uma província que o governo declarou, em janeiro, "libertada" dos jihadistas, que haviam tomado várias partes durante a sua ofensiva relâmpago lançada em junho de 2014.
Os jihadistas não têm mais posições fixas, mas continuam a organizar e realizar ataques suicidas com carros-bomba, ou ataques relâmpagos.
- Não haverá Eid. Ninguém trocará cumprimentos pela festa - lamentou Hussein Yassin Khidayyer, um comerciante de 45 anos, que sobreviveu à explosão.
O governador de Diyala anunciou luto de três dias na província e o cancelamento das festividades do Eid al-Fitr.
Vários carros deixavam a cidade, com caixões no teto, para enterrar algumas das vítimas na cidade sagrada xiita de Najaf.
O EI afirmou em sua reivindicação ter alvejado milícias xiitas, uma afirmação recorrente, mesmo quando os ataques matam civis em sua grande maioria.
Segundo testemunhas e autoridades da cidade, o carro explodiu em um posto de controle na entrada do mercado.
O primeiro-ministro Haider al-Abadi condenou "este crime desprezível" dos jihadistas do EI, garantindo estar "determinado a caçar (...) em todos os cantos do Iraque, até o último" jihadista, em uma declaração.
As forças iraquianas estão atualmente envolvidas em uma ofensiva contra os jihadistas na província de Al-Anbar, apertando o cerco em torno das duas principais cidades da imensa província de maioria sunita, Ramadi e Fallujah.
*AFP