Depois de oito operações de combate a leite adulterado, o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta terça-feira, a primeira ação contra derivados do produto.
Na ação, batizada de Operação Queijo Compen$ado 1, o MP descobriu um esquema de fraude no queijo fabricado pela indústria Laticínios Progresso Ltda., de Três de Maio, no noroeste do Estado. O produto era revendido ilegalmente por 72 estabelecimentos, entre supermercados, padarias e comércios de 23 municípios da Região Metropolitana, Vale do Sinos, Vale do Caí, Serra e Litoral Norte (a lista completa de estabelecimentos está disponível aqui).
Como fraudadores adulteravam queijo vendido em 14 cidades gaúchas
Como nas ofensivas anteriores, o objetivo dos fraudadores seria fazer o produto final render mais e, consequentemente, obter um lucro maior. Desta vez, a substância usada para multiplicar o queijo era amido de milho.
- Para fazer um quilo de queijo, o normal é usar 10 litros de leite. Nesta fraude, eles usavam cinco ou seis litros de leite e adicionavam o amido de milho para compensar. A característica final principal é um queijo esfarelento, sem cremosidade. Conforme relatos, ele não derrete e tem forte odor - explica o promotor Mauro Ronckenbach.
Foram cumpridos, na manhã desta terça-feira, três mandados de prisão preventiva. Em Três de Maio, foi preso um dos sócios da empresa Laticínios Progresso, Eduardo André Ribeiro. Em Ivoti, onde funcionava um depósito, foram presos Volnei Fritsch, 50 anos, outro dono da empresa, e Pedro Felipe Fritsch, 24 anos, filho de Volnei.
Além da adulteração do produto, a investigação, que vem sendo conduzida há cerca de quatro meses e que partiu de escutas feitas nas operações da Leite Compen$ado, constatou que queijos do tipo lanche e mussarela eram feitos com leite de má qualidade, que havia sido descartado pela indústria leiteira.
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De acordo com Rockenbach, o consumo do queijo da Progresso não faz mal à saúde, mas, como se trata de um produto adulterado, contém elementos - como proteína e vitaminas - aquém dos limites estabelecidos por lei. Portanto, são menos nutritivos, além de apresentarem danos ao sabor e à textura.
Além da constatação de formação de quadrilha e adulteração do produto, o MP diz que a Laticínios Progresso sonegava impostos - enquanto declarava um faturamento mensal de R$ 50 mil, arrecadaria mais de R$ 1 milhão. Em 2011, o Fisco descobriu que os donos da empresa possuíam um programa para confeccionar notas falsas e levar as cargas de 30 toneladas de queijo a Ivoti. O mesmo sistema e tipos de notas foram encontrados durante as buscas nesta terça.
Foto: Diogo Zanatta/Especial
Indústria vendia produto para outros municípios
Queijo Compen$ado
MP descobre fraude em queijo vendido ilegalmente no Rio Grande do Sul
Produto seria fabricado com até 50% menos de leite e receberia amido de milho. Apesar do uso de leite descartado pelas indústrias, produto não faz mal à saúde, segundo investigação
Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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