A mãe de uma menina de dois anos tenta recuperar, na Justiça, o direito de visitar sua filha internada em um hospital de Porto Alegre.
Há pouco mais de um mês, o Hospital Moinhos de Vento vetou a entrada de Neusa Padilha, 38 anos, depois de supostos atritos entre ela e funcionários do setor em que a criança se encontra. Como a decisão foi confirmada na Justiça, Neusa aguarda o julgamento de um recurso para voltar a ver sua filha, que sofre de um problema pulmonar e não tem previsão de alta.
Poucos dias depois do nascimento, em 2013, Valentina teve complicações pulmonares e foi internada. Como sua condição se agravou para uma pneumopatia fibrosante crônica - quadro que reduz a capacidade respiratória - passou praticamente toda a vida em hospitais. Era atendida em Santa Catarina, onde vivia a família, mas no final do ano passado foi transferida para Porto Alegre.
Os problemas envolvendo Neusa e o Moinhos teriam começado no início deste ano. A mãe reconhece que, em algumas ocasiões, pediu mais atenção da equipe de enfermagem para sua filha ou sugeriu ajustes no atendimento prestado, como nos níveis do oxigênio oferecido à menina.
- Eu não abaixo a cabeça, não fico quieta. Se vejo a minha filha fazer um barulho diferente, eu chamo o pessoal. Eu conheço cada reação dela - argumenta Neusa.
Neusa e sua advogada, Gisele Dias, acreditam que as preocupações da mãe possam ter aborrecido a equipe do Moinhos, que barrou sua entrada. A família procurou a Justiça, que sustentou a decisão do hospital em primeira instância. A advogada recorreu ao Tribunal de Justiça (TJ), que negou uma liminar para Neusa voltar a ver a filha imediatamente.
- Ainda esperamos que o Tribunal julgue o mérito do recurso - afirma Gisele.
A mãe nega ter mexido em algum equipamento sem autorização, o que teria sido alegado no processo. Como o caso corre em segredo por envolver uma menor de idade, o TJ não pode prestar informações. O Moinhos de Vento divulgou uma nota na qual sustenta que "restringiu o direito de visita da Sra. Neusa Padilha com respaldo de decisão judicial. Tal restrição tem embasamento legal e objetiva a segurança de todos os pacientes da UTI Pediátrica, inclusive da menor em questão. O pai da menor permanece liberado para visitar e estar com a paciente (...)"
A família lida, ainda, com uma dívida de quase R$ 400 mil com o hospital, segundo a advogada, já que Valentina foi internada no setor particular no período de carência de seu plano de saúde. Segundo Gisele, tentativas de remover a criança para outras instituições não deram certo porque ou a família não concordou com o estabelecimento de destino por razões como custo de transporte, ou não havia vaga.