Em um discurso inflamado feito na tarde desta sexta-feira na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que tem a assinatura de 30 colegas para vetar o Projeto de Lei (PL) 4330, que amplia as terceirizações no país e tornou-se o principal assunto das centrais sindicais no Dia do Trabalhador deste ano. Paim classificou o PL como "vagabundo" e criticou os deputados que o aprovaram no Plenário da Câmara no dia 22 de abril.
- Aqui eu já adianto o meu parecer: terceirização, não! Farei o parecer pela rejeição mais ampla desse projeto vagabundo, que só interessa ao grande capital. Se depender de mim, ele fica lá um, dois, três, quatro, cinco, seis anos, tanto quanto for necessário - disse.
Além de Paim, outras lideranças do PT, como o ex-governador gaúcho Olívio Dutra e o ex-deputado estadual Raul Pont, apoiaram manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), MST, SindBancários, Sinpro/RS e demais entidades. Paim falou que terão de "tirar sangue" para que o PL passe no Senado:
- Vamos fazer um bom combate e podem ter certeza: nem que seja de maca, de cadeira de rodas, eu vou estar lá. Vão ter que tirar parte do nosso sangue se quiserem aprovar esse projeto vagabundo.
Crédito: Adriana Franciosi / Agência RBS
Racha no movimento sindical
O PL 4330 foi a principal bandeira levantada pelos sindicalistas brasileiros nesse 1º de Maio e evidenciou o racha que vivem os diferentes grupos que historicamente usam a data para defender suas posições políticas. De um lado, a CUT, que apoiou a reeleição de Dilma, tem se colocado contrária ao projeto. De outro, a Força Sindical, sob a influência de seu presidente licenciado, deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade), tenta mostrar pontos positivos da regulamentação.
- É uma crise carregada de esperanças. Eu penso que o pensamento popular, que está na raiz de todo esse movimento, tem que refletir sobre si mesmo, e as transformações têm de acontecer. O projeto de terceirizações é retrocesso, não avanço. O movimento sindical que tem posturas apoiando essas medidas está fazendo um jogo para os de cima - argumenta Olívio Dutra.
Para o deputado Paulinho, que tem encabeçado alguns dos atos anti-Dilma, as emendas de sua autoria que foram incluídas no projeto já aprovado pela Câmara garantem que os terceirizados continuem a ser representados pela mesma categoria e ainda trazem de volta para o guarda-chuva das centrais os trabalhadores que hoje são representados por sindicatos de terceiros.
- O projeto teria um impacto contrário (ao enfraquecimento), ele faria o movimento sindical crescer - defende o deputado.