O médico Fernando Sanchis, um dos suspeitos de integrar a máfia das próteses, usou o direito constitucional de permanecer calado durante a reunião da CPI das Próteses, realizada nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre.
- Existe uma investigação em curso desde janeiro da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, e existem duas ou três CPIs instaladas, mas até agora não tivemos acesso a nenhum documento, embora meu advogado tenha solicitado acesso aos autos do inquérito. Vou preferir permanecer em silêncio ate que a gente entenda a profundidade da situação, até para elaborar as respostas que vocês precisam - declarou.
Sanchis é suspeito de realizar procedimentos com próteses por preços superfaturados, orientando seus pacientes a recorrer ao Judiciário para garantir do Estado ou dos planos de saúde o custeio dos equipamentos - indicando sempre o grupo de advogados liderado por Nieli de Campos Severo, conhecida pelo sucesso nas inúmeras liminares obtidas na Justiça para a realização dos procedimentos cirúrgicos.
Em suas perguntas, o presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), sugeriu que Sanchis cobrava R$ 30 por consulta, viajava em seu próprio avião particular para atender pacientes no interior do estado, o que foi chamado de "captação de futuros operandos" pelo parlamentar. Essas potenciais vítimas eram atraídas pelo custo baixo das consultas, frisou o senador.
Malta afirmou que irá pedir a transferência dos sigilos de Sanchis, o que resultará numa nova convocação à CPI, assim como dos sigilos das empresas de equipamentos hospitalares investigados por supostamente integrarem a máfia. Essas empresas obtiveram vitória na justiça gaúcha, o que impediu o acesso de seus dados sigilosos pela polícia.
Durante a sessão, também foi colhido o depoimento da advogada Letícia Lauxen, que trabalhava no escritório de Nieli Severo. Ela afirmou não ter conhecimento sobre os procedimentos da máfia e que a titular do escritório não a deixava ter contato com médicos ou entidades hospitalares, concentrando os atendimentos.
- Eu precisava trabalhar, seguia ordens, não tinha noção da dimensão, não sabia o que estava acontecendo - afirmou.
Apesar de também integrar a lista dos depoentes marcados para esta reunião da CPI, Nieli Severo não compareceu. Uma parte da reunião foi realizada de forma secreta, quando Magno Malta ouviu informações de advogados.
Na próxima semana, a CPI das Próteses deve ouvir, já em Brasília, representantes do Conselho Regional de Medicina.
*Agência Senado