Indicado para ocupar uma das cadeiras no Supremo Tribunal Federal, o jurista Luiz Edson Fachin começou uma campanha nas redes sociais para diminuir a rejeição que seu nome tem enfrentado. Nos últimos dias, além de páginas no Twitter e no Facebook, ele lançou um site e um canal no YouTube, por meio de parentes e amigos, para rebater acusações e receber manifestações de apoio. Batizado de "#FachinSim", o movimento faz uma contraposição a uma série de postagens na internet que usam a hashtag "#FachinNão" para criticá-lo.
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Moisés Mendes: Carine e Fachin
Indicado pela presidente Dilma Rousseff para a vaga no Supremo em 14 de abril, Fachin será sabatinado amanhã pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Seu nome, no entanto, deve ser levado a plenário somente na próxima semana.
Em atrito com o governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, não tem mostrado simpatia pela escolha da petista e deve adiar a votação secreta em plenário a fim de aumentar a pressão sobre o Planalto.
Família
Dos quatro vídeos já postados no YouTube, dois deles tentam desmistificar a ideia de que o jurista tem posições contrárias à família. O tema tem sido explorado por setores mais conservadores, que veem uma defesa da poligamia em casos que Fachin atuou como advogado.
- É evidente que no Direito brasileiro não há lugar para o reconhecimento da poligamia - diz o jurista numa das gravações.
- Não sou a favor da poligamia. Não defendo nenhuma desestruturação da família - completa o jurista.
Pareceres
Em outro vídeo Fachin se defende da acusação de que seria ilegal ter atuado como advogado enquanto ocupava o cargo de procurador do Estado do Paraná, entre 1990 e 2006.
Na semana passada, uma verdadeira guerra de pareceres sobre o tema se instalou no Senado. A pedido do senador peemedebista Ricardo Ferraço (ES), que havia levantado a questão durante uma reunião da CCJ, um consultor técnico da Casa emitiu relatório dizendo que a dupla atividade do jurista "violava o ordenamento legal".
Outra nota técnica, desta vez encomendada pelo senador àlvaro Dias (PSDB-PR), defendia que há amparo legal para a postura de Fachin. Um site também foi criado para que as pessoas mandem e-mails aos senadores manifestando apoio ao nome de Fachin, já que, nas últimas semanas, parlamentares têm relatado que suas caixas de e-mail lotam de mensagens pedindo para que votem contra a aprovação do nome do jurista.
Único senador tucano a apoiar publicamente o nome de Fachin, Álvaro Dias conta que nunca foi tão criticado nas redes sociais. Apesar de estar fazendo campanha pelo jurista porque Fachin, embora seja gaúcho, fez carreira no Paraná - o mesmo Estado do tucano -, ele diz não se arrepender e tem visto o momento como uma oportunidade de voltar a ter uma atuação mais de centro-esquerda.