Na quinta-feira passada, dia em que o traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, foi morto na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), não havia agentes em todos os postos que deveriam estar sob vigilância.
E mais: a servidora que cuidava da sala de controle - onde se vê em tempo real imagens captadas por cerca de 60 câmeras - foi aprovada no último concurso da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e cumpria naquele dia o terceiro plantão de sua carreira, o primeiro no setor de câmeras.
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Zero Hora apurou com servidores que, no posto em que ela estava, deveria haver pelo menos duas pessoas para observar movimentos em três monitores de 42 polegadas cada um. Na última quinta-feira, no entanto, ela fazia plantão sozinha. No momento do ataque a Teréu, estava na sala um servidor de outro setor, olhando imagens de outras galerias. Isso teria contribuído para a distração da plantonista, novata na profissão e sem treinamento para atuar no monitoramento.
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Por conta da carência de efetivo e da pressão sobre os funcionários responsáveis pela vigilância do refeitório da galeria A, o clima é de tensão entre agentes. O temor é de que servidores sejam responsabilizados sem que se discuta a falta de funcionários para atuar na prisão que deveria ser de segurança máxima.
Conforme Flávio Berneira Junior, presidente Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs), a plantonista está muito abalada emocionalmente e sob acompanhamento médico. Na segunda-feira, o sindicato esteve na Pasc. Em um dos setores, onde deveria haver 15 funcionários, havia apenas três. Segundo servidores, a prisão deveria contar com 40 agentes por turno, mas, atualmente, esse número não passaria de 28.
Executores achavam que câmera estava desligada
A redução repercute em pontos estratégicos, que ficam descobertos, como o caso da sala de controle e dos mezaninos nas laterais dos refeitórios. Deveria haver agentes caminhando nos mezaninos, que têm plena visão para os refeitórios. No dia do crime, não havia. Na inspetoria, que controla a entrada e saída de presos das galerias, a ida para o pátio e para o refeitório, o número ideal é de três servidores. Apenas dois estavam lá no dia do assassinato.
- A presença de agentes nos mezaninos podia ter impedido esse crime. Mas não há pessoal para estar naquele posto - atesta Berneira.
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Para agravar o clima na prisão, na segunda-feira, um dos envolvidos no crime, Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, teria feito ameaças. Segundo servidores, ele teria dito que se o nome dele fosse mesmo vinculado à morte de Teréu, mais assassinatos ocorreriam. Os envolvidos na execução foram surpreendidos com a gravação do crime. Eles haviam desconectado o fio de uma câmera de vigilância e acreditavam estar agindo sem registros. O fato de estar tudo documentado aumentou a tensão no local.
ZH pediu para a Susepe informações sobre falta de agentes no dia do crime e sobre a atuação de uma servidora inexperiente na sala de controle, mas não obteve resposta até as 21h de terça-feira.
Como foi a execução do traficante Teréu na hora do almoço na penitenciária, conforme análise do vídeo e de relato de agentes: