Advogado de Ricardo Pessoa, presidente da UTC que seria o líder do clube de empreiteiras que venciam licitações na Petrobras e pagavam propinas a diretores da estatal e a operadores do esquema, Alberto Toron esteve na manhã desta sexta-feira na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para conversar com o seu cliente e, em entrevista, confirmou a existência de negociações de acordo de delação premiada.
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A ideia é que Pessoa conte o que sabe sobre o esquema, recebendo em troca algum abrandamento da sua pena.
- Desde de antes da prisão dele, havíamos endereçado manifestação por escrito no sentido de que sim, ele tem interesse em colaborar com as investigações. Estamos em tratativas com o Ministério Público para ver o que pode ser feito. Está em fase estacionária. Na verdade, o Ministério Público às vezes apresenta exigências, alega que o que se afirma está aquém do que eles querem. As tratativas se arrastam com idas e vindas. Temos de ter paciência porque essas coisas envolvem um tempo de maturação - avaliou Toron.
Se confirmada, a delação premiada de Ricardo Pessoa poderá trazer ainda mais revelações ao centro da Operação Lava-Jato. Por ser o coordenador do clube, o presidente da UTC é considerado peça chave no quebra cabeça da corrupção na Petrobras.
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Toron também manifestou confiança na possibilidade de garantir a liberdade do seu cliente, preso desde novembro de 2014 em Curitiba, por meio de um recurso levado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
- Estou muito esperançoso, temos tido o pronunciamento de alguns ministros, entre eles o Marco Aurélio (Mello), no sentido de que essas prisões não podem subsistir. Acreditamos que, depois da Páscoa, esse habeas corpus poderá ser julgado. A esperança é que o Supremo revogue a prisão preventiva - explicou Toron.
O advogado tinha em mãos um exemplar do livro "À Sombra do Meu Irmão", de Uwe Timm, que retrata reflexos do nazismo na história de uma família alemã. Na prisão, diversos dos detidos pela Operação Lava-Jato leem livros para passar o tempo.
*Zero Hora