Cinco pessoas morreram neste sábado, em Niamei, capital do Níger (África), em violentos protestos contra a charge do profeta Maomé na capa do jornal satírico francês Charlie Hebdo - anunciou o presidente nigerino, Mahamadou Issoufou.
- Em Niamei, o balanço é de cinco mortos, todos civis, entre eles quatro mortos em igrejas e bares - declarou Issoufou, acrescentando que o corpo de uma vítima foi encontrado "carbonizado em uma igreja", neste sábado de manhã, em Zinder.
Edição da revista Charlie Hebdo feita após o ataque esgota na França
Autoridade muçulmana denuncia caricatura de Maomé na Charlie Hebdo
Com isso, subiu o número de vítimas fatais das manifestações que aconteceram sexta-feira, em Zinder, também contra o Charlie.
- O que aconteceu em nossa casa, ontem, em Zinder, e hoje, em Niamei, nos desafia. Como podemos aceitar essas igrejas que foram queimadas? Do que são culpados as igrejas e os cristãos do Níger? - questionou Issoufou, em discurso transmitido em rede nacional.
- Os que depredam esses lugares de culto, que profanam esses lugares, que perseguem e matam seus compatriotas cristãos, ou estrangeiros que vivem em nosso país, não entenderam nada do Islã - denunciou o presidente.
- Sabiam que, comportando-se desse jeito, incitam as populações dos países onde os muçulmanos são minoria a profanar e a destruir as mesquitas? Sabiam que aumentam o preconceito contra nossos inúmeros compatriotas que vivem em países de maioria cristã? - questionou.
Ele convidou os muçulmanos nigerinos a "continuarem o exercício de sua fé na tolerância, no respeito à [fé] dos outros", como "pedimos aos outros para respeitarem nossa fé".
Uma investigação foi aberta sobre essa onda de violência, anunciou o presidente, garantindo que os responsáveis por essas "manifestações selvagens" serão "identificados e punidos conforme à lei".
- Lanço a todos um apelo à calma. Quero pedir que se afastem dessas agitações. Peço a vocês que contribuam para preservar a paz e a tranquilidade, pela qual tanto nos invejam - completou.
O Níger é um país de maioria muçulmana, atingindo 98% da população, segundo números oficiais. Existe, porém, uma minoria de cristãos e praticantes de cultos animistas.
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Confira a íntegra da edição histórica da revista
Atentado matou 12 pessoas
Na quarta-feira da semana passada, dois homens encapuzados e armados, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, 32 e 34 anos, entraram na redação do Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas. Depois de dois dias em fuga, eles foram mortos na sexta-feira, durante ataque de forças de elite francesas a uma gráfica em Dammartin-en-Goële, nos arredores da cidade, onde estavam.
Em outro atentado, na quinta-feira, uma agente da polícia municipal foi morta, no sul de Paris, tendo a polícia estabelecido ligação com os dois jihadistas autores do atentado ao Charlie Hebdo. Na sexta-feira, no fim da manhã, cinco pessoas foram mortas em um supermercado kosher (judaico), no leste de Paris, durante uma tomada de reféns, incluindo o autor do sequestro, que foi morto na operação policial.
*AFP