Seis detentos do Presídio Central de Porto Alegre identificados em um vídeo que mostrava presos usando cocaína em uma festa dentro da prisão foram transferidos nesta sexta-feira para Charqueadas. A Vara de Execuções Criminais (VEC) da Capital autorizou que eles fossem levados para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Desde a divulgação do vídeo pelo jornal Diário Gaúcho, na segunda-feira, o grupo já estava cumprindo punição de isolamento no Central. A gravação mostra detentos em fila, esperando a vez para cheirar carreiras de cocaína, na primeira galeria do Pavilhão B. A festa regada a droga teria sido realizada durante a noite de Natal.
Conforme o major Guatemi de Souza Echart, diretor interino do presídio, os seis presos removidos foram os únicos identificados nas imagens fazendo uso da droga. O major explicou que mais detalhes do episódio e também a identificação de quem foi o responsável por distribuir a cocaína na galeria serão apurados em um inquérito.
Dívida é paga com a vida no Presídio Central, em Porto Alegre
Ao analisar as imagens, o então secretário de Segurança Pública, Airton Michels, disse que o problema não era novo, mas "de muitos anos, e não surpreende em um lugar onde as facções criaram seus espaços e há superlotação que inviabiliza o controle pelo Estado."
Já o novo titular da pasta, Wantuir Jacini, anunciou antes de tomar posse na quinta-feira que tem a intenção de implantar medidas para fortalecer o setor de inteligência da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). A ideia dele é investigar os crimes a partir de dentro das cadeias, reunindo informações coletadas por polícias, Ministério Público e agentes penitenciários.
Antes de assumir a pasta, em sua primeira manifestação pública, Jacini já havia dito que pretende acabar com o ingresso e uso de telefones celulares nas cadeias do Rio Grande do Sul. O vídeo que registrou a farra da droga no presídio foi feito por um detento, com um telefone que entrou irregularmente na cadeia e acabou apreendido.
Facções estão no comando
Devido à superlotação crônica do Presídio Central, as celas ficam abertas em tempo integral. Isso permite aos presos circularem livremente pelo interior das galerias, nas quais a guarda não entra.
Para que a ordem seja mantida, os detentos se organizam com as chamadas prefeituras (grupos de presos ou líderes de facções que representam e controlam as galerias, com o reconhecimento da administração e do Judiciário). Cada prefeitura tem cerca de 30 presos, que dividem funções (são os chamados embolados).
No Presídio Central, atualmente, há oito galerias ocupadas por facções ou grupos organizados: Os Abertos ocupam a 1ª galeria do pavilhão B e a 2ª galeria do pavilhão D. Os Manos vivem na 2ª e na 3ª galerias do Pavilhão B. Os bala na Cara ficam na 3ª do F. A turma da Conceição responde pela 2ª do A e, a da Vila Farrapos, pela 1ª e pela 3ª do D.