O sucesso Frozen - Uma Aventura Congelante, que reescreve o clássico conto de Hans Christian Andersen A Rainha das Neves, deu aos estúdios Disney seu primeiro Oscar de melhor filme de animação desde a criação da categoria em 2001.
O filme também levou o prêmio de melhor canção original Let It Go, de Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez.
Aclamado pelo público e pela crítica, Frozen representa o ponto alto do "segundo renascimento" dos estúdios Disney, marcado pela incorporação da Pixar e seu diretor John Lasseter ao império de Mickey.
Com uma arrecadação de mais de um bilhão de dólares em todo o planeta e considerado por vários críticos como um dos melhores filmes de animação de todos os tempos, Frozen é a cereja no bolo de uma série de sucessos do estúdio americano: A Princesa e o Sapo (2009), Enrolados (2010) e Detona Ralph (2012).
Tudo isto é suficiente para falar de um "segundo renascimento" do estúdio do Mickey, que começou o século quase travado, marginalizado pela excelência da Pixar e seus grandes sucessos, de Toy Story a Carros, passando por Procurando Nemo, Ratatouille e Up, Altas Aventuras, entre outros.
- Assim como As Peripécias de um Ratinho Detetive (1986) marcou um crescimento depois do ponto baixo de O Caldeirão Mágico (1985), A Princesa e o Sapo conseguiu resultados muito melhores que os filmes que o precederam - declarou à AFP Tom Sito, historiador da animação e professor de Cinema na Universidade do Sul da Califórnia (USC).
Primeiro renascimento
Esta não é a primeira vez que a Disney "renasce". Os anos 70 e 80 foram duros para o estúdio, que teve que esperar a chegada de uma nova geração de profissionais da animação para voltar ao sucesso, com A Pequena Sereia (1990), A Bela e a Fera (1991) e a consagração de O Rei Leão (1994).
A Bela e a Fera chegou, inclusive, a ser indicado ao Oscar de melhor filme.
Ironia do destino, o príncipe encantado do "segundo renascimento" da Disney é uma pessoa que antes quase derrubou o estúdio: John Lasseter, diretor e cofundador da Pixar, que virou diretor criativo do departamento de animação da Disney depois que a empresa comprou a Pixar em 2006.
- A partir da fusão, a Disney Animation voltou a estar sob a responsabilidade direta de um animador, o que não acontecia desde a morte de Walt Disney em 1966 - lembra Sito, que trabalhou na Disney e depois na DreamWorks Animation.
O criador de Toy Story e de Carros levou muitos talentos para a Disney.
- Também observamos o retorno da comédia musical, uma especialidade da Disney que passou por um intervalo de 20 anos - afirma Sito.
De fato, a principal música de Frozen, Let it go (Livre Estou na versão em português), era considerada favorita ao Oscar na categoria canção original.
Peter Del Vecho, produtor de Frozen, admite que John Lasseter "mudou a cultura da Disney Animaton".
- Somos um estúdio diferente da Pixar, mas Lasseter trouxe para a Disney muitas coisas que aprendeu lá - revela Del Vecho à AFP.
- O mais importante é que os cineastas devem ser responsáveis por seus próprios filmes.
Isto é traduzido em um modo de trabalho de grande cooperação, no qual diretores e roteiristas opinam sobre os filmes dos outros profissionais durante exibições de trabalho.
- Ganha a melhor ideia e somos estimulados a assumir riscos - conta.
O outro fator que contribuiu para o retorno da Disney foi a crescente concorrência no mundo da animação, com empresas como Blue Sky (Era do Gelo, Rio), DreamWorks Animation (Shrek, Kung-Fu Panda, Madagascar) ou Illumination (Meu Malvado Favorito).
- Quando o estúdio estava sozinho, nos anos 60 e 70, sua estética anacrônica e repetitiva resultou em filmes já velhos, apesar da qualidade técnica. Hoje, o sucesso de Uma Aventura LEGO e de Meu Malvado Favorito cria um clima formidável para o surgimento de novas ideias de animação - conclui Sito.
Veja galeria de fotos do tapete vermelho e da cerimônia de premiação do Oscar: