O parlamento da região autônoma da Crimeia decidiu nesta quinta-feira convocar referendo para o próximo dia 16, quando cidadãos poderão escolher se desejam continuar na Ucrânia ou se unir à Rússia. Na realidade, a Crimeia já tem forte presença russa em seu território, mas o simbolismo da medida provocou reação por parte da União Europeia e dos Estados Unidos. No mesmo dia, as autoridades interinas da Ucrânia relataram que os confrontos dos 18 a 21 de fevereiro deixaram cem mortos e 14 feridos graves - mais que os 82 inicialmente citados.
O balanço do dia:
> Parlamento da Crimeia marca referendo sobre autonomia
> Obama diz que referendo na Crimeia é ilegal
> Ministério da Saúde ucraniano estima em cem os mortos entre 18 e 20 de fevereiro
> União Europeia impõe represálias à Rússia
A informação foi dada pelo vice-primeiro-ministro do governo pró-russo, Rustam Temirgaliyev. Na semana passada, o parlamento da Crimeia já havia aprovado a realização de uma consulta para ampliar a autonomia. Fontes do governo pró-russo da Crimeia indicam que o referendo terá duas perguntas: "Você é a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia, como parte da Federação Russa?" e "Você é a favor da aplicação da Constituição da Crimeia de 1992 e do estatuto da Crimeia como parte da Ucrânia?"
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia se agravou na semana passada, após o afastamento do ex-presidente Viktor Yanukovich e com a presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde, inclusive, está localizada a Frota Russa do Mar Negro.
A primeira reação ao anúncio veio da UE, que definiu como "ilegal" a decisão do parlamento crimeano. Os líderes europeus decidiram suspender as negociações com a Rússia sobre vistos e ameaçaram Moscou com sanções econômicas caso a situação se deteriore. À margem de uma cúpula extraordinária da UE em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, indicou que os dirigentes europeus concordaram em adotar uma estratégia progressiva de sanções para obrigar a Rússia a "negociar" uma saída para a crise.
Na mesma linha, o parlamento ucraniano decidiu lançar um procedimento para dissolver a assembleia regional da Crimeia. O anúncio foi feito pelo presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov.
Nos EUA, o presidente Barack Obama alertou para a série de transgressões representada pela convocação do referendo na Crimeia. Obama também disse que os EUA e seus aliados estão unidos contra a incursão russa na Ucrânia, mas assegurou apostar na solução diplomática.
- O referendo proposto sobre o futuro da Crimeia violaria a Constituição ucraniana e o direito internacional - disse Obama. - Em 2014, os tempos em que as fronteiras podiam ser redefinidas depreciando os dirigentes democraticamente eleitos já passou.
Os EUA aumentaram a pressão sobre a Rússia ao também impor restrições à emissão de vistos a ucranianos e russos vinculados à crise. E fizeram questão de deixar aberta a porta para novas sanções.
Por telefone, Obama explicou ao presidente russo, Vladimir Putin, a razão para tais sanções, e urgiu seu homólogo a resolver a atual situação pela via diplomática, "atendendo os interesses da Rússia, do povo da Ucrânia e da comunidade internacional", segundo nota divulgada pela Casa Branca.
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