As corridas de táxi entre Porto Alegre e os municípios da Região Metropolitana podem custar mais do que o dobro do preço, dependendo do taxista abordado pelo passageiro. Isto só é possível porque não há legislação que regule esse tipo de viagem na Grande Porto Alegre. Os profissionais só podem circular fora da Capital com o taxímetro desligado; portanto, o valor da corrida, atualmente, é estabelecido em um prévio acordo entre passageiros e taxistas. E é aí que se se estabelecem valores muito diferentes em trajetos exatamente iguais.
A Rádio Gaúcha fez o teste e constatou que a mesma corrida intermunicipal pode ter valores muito diferentes cobrados entre um motorista e outro. Durante uma tarde, a reportagem abordou taxistas no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público, no Centro Histórico da cidade. Com a solicitação de que a corrida seguisse pela Freeway e BR-116, o destino seria a Estação Fátima do Trensurb, em Canoas. O trajeto é de 13,5 quilômetros e os valores cobrados variaram entre R$ 30 e R$ 67.
O diretor de Transportes da Empresa Pública de Transporte e Circulação, Carlos Pires, diz que não é possível regular as corridas intermunicipais porque não há como tabelar as diferentes distâncias existentes entre Porto Alegre e as demais cidades do Estado:
"O grande problema é que para tu fazeres tabela disso tu terias que ter a quilometragem exata entre um lugar e outro. Se tu fores no aeroporto, tem quinhentas viagens, que uma vai para Gramado, outra para Canela, Alegrete. Então aí existe a negociação e o taxista e o passageiro. Se o passageiro entender que o valor está muito alto, simples: não aceita a corrida, pega outro táxi até que chegue um valor que tu achas justo", defende.
O estabelecimento de regras para as corridas intermunicipais de táxi foram e são temas de discussão em importantes regiões metropolitanas do país. Em agosto de 2011, um decreto estabeleceu que os táxis que partem de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em viagem intermunicipal, devem utilizar "bandeira 2" durante a corrida para compensar o custo com o retorno. Na cidade de São Paulo, os passageiros têm de pagar 50% do valor da corrida intermunicipal ao final da viagem, pelo mesmo motivo de Niterói.
A integração de táxi intermunicipal já existe em alguns convênios firmados entre as cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a Capital mineira, onde os taxistas que se deslocam para fora da cidade de origem podem retornar com passageiros. Mas a discussão ainda têm sido tema de audiências públicas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais porque, com o sucesso dos convênios já firmados, outras cidades também se interessaram em estabelecer esse acordo de trâfego intermunicipal, como destaca o deputado Ivair Nogueira:
"O que nós estamos discutindo hoje é uma questão de mobilidade urbana. O táxi que vem a Belo Horizonte não pode voltar com passageiro. Se nós estamos com um problema de fluxo de veículos hoje, então acho que seria interessante se a gente conseguisse estar inserindo dentro dos convênios as participações dos municípios da Região Metropolitana, a integração. Mas é uma audiência pública, nós estamos levando a BH Trânsito, as cidades que estão solicitando essa integração e vamos ver qual a possibilidade que nós podemos concluir dentro dessas audiências públicas", ressalta.
Ao final das audiências públicas, um projeto deve ser elaborado objetivando a integração dos táxis da Região Metropolitana de Belo Horizonte. No Rio Grande do Sul, o tema ainda não está em discussão na Prefeitura de Porto Alegre e não há projeto sendo elaborado pela Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado(Agergs), que foi precursora no debate em outros estados.
Gaúcha
Corridas intermunicipais de táxi têm variação de até 100% no preço na Região Metropolitana
Não existe legislação para viagens entre cidades
Cristiano Goulart
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