Pode ser que as más notícias vindas do inverno norte-americano, no início do ano, não se propaguem por aqui. Talvez a transmissão da gripe não se antecipe no Rio Grande do Sul como se adiantou nos Estados Unidos.
Numa dessas, diferentemente de lá, aqui o vírus não venha mais agressivo do que o do ano anterior. Pode ser.
Mas também pode ser o contrário. E se o que ocorre no inverno do Hemisfério Norte em termos de gripe for uma prévia da situação no inverno seguinte no Hemisfério Sul?
- O alerta é constante. E a única saída é a prevenção - responde Jair Ferreira, epidemiologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Não faltam motivos. E é por todos eles que a campanha de vacinação chega com força no Estado a partir da próxima segunda-feira. Neste ano, a imunização na rede pública, destinada aos grupos de risco, começa antes e tem o número de doses ampliado: serão 3,185 milhões de vacinas, um milhão a mais do que em 2012, disponíveis no postos de saúde. A meta é vacinar 27% da população gaúcha até 26 de abril, quando a campanha acaba.
Para que este prazo não seja prorrogado devido à baixa procura pelas doses, como ocorreu no último ano, vídeos e spots serão veiculados em emissoras de TV e rádio a partir de hoje. E quem alerta a população para a importância da vacinação é o escritor Luis Fernando Verissimo, protagonista da campanha publicitária desenvolvida pela Secretaria Estadual da Saúde.
- No ano passado, uma gripe quase me levou à morte. Foi aí que me dei conta que a gripe é coisa séria e pode matar - diz Verissimo, em uma das mensagens, sobre a gripe que o deixou 12 dias na UTI e mais 19 de repouso em casa, no fim do ano passado. A intenção é mudar a ideia de que a doença não é seria, que pode ser tratada em casa.
Leia mais:
Luis Fernando Verissimo: "Tudo começou com uma tossezinha"
Como saldo destas três frentes - mais doses, imunização antecipada e o convite ao cuidado com a saúde feito por uma figura pública e carismática -, as expectativas são as melhores. Para especialistas, o recado parece ter sido dado.
- Com o alerta e a mobilização do Ministério da Saúde, sem dúvida começaremos o inverno com uma cobertura mais ampla do que em 2012, quando houve uma falsa sensação de segurança em relação à gravidade da doença. O que comprova isso é a grande procura por vacinas também em clínicas particulares, que já estão com estoque reduzido - avalia o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Rogério Aguiar.
Cresce a busca por vacinas em clínicas particulares
Devido a grande procura por vacinas contra a gripe, algumas clínicas particulares de Porto Alegre já enfrentam dificuldades na compra das doses. De acordo com a farmacêutica-bioquímica responsável pela CEC Vacinas, Márcia Ampezzan, a procura tem sido superior em relação ao mesmo período do ano passado. Na clínica em que trabalha, as cerca de 2 mil doses aplicadas de março a junho de 2012 já foram ultrapassadas neste início de abril.
Outras clínicas tiveram de cobrar mais pelas doses. Antes comercializada com o valor médio de R$ 80, a vacina agora pode ser encontrada em preços que vão até R$ 110. O aumento súbito e expressivo segue o acréscimo realizado pelos laboratórios fornecedores, explica a enfermeira responsável pela Imune, Luiza Lehn.
CAMPANHA DE VACINAÇÃO
Quando
De 15 a 26 de abril, em cerca de 1,8 mil postos de saúde do Estado
Número de doses
O RS receberá em torno de 3,185 milhões de doses da vacina. Ela aumenta a proteção contra três tipos de vírus de gripe (dois deles chamados de Influenza A, incluindo o H1N1, e uma cepa da Influenza B)
Público-alvo (grupo de risco)
- Pessoas acima dos 60 anos
- Crianças maiores de seis meses e menores de dois anos
- Gestantes (e mulheres que tenham dado à luz até 45 dias antes do início da campanha)
- Portadores de doenças crônicas que tenham recomendação médica para a imunização
- Profissionais da saúde e indígenas aldeados
PRESTE ATENÇÃO
No dia 20 de abril, sábado, acontece o chamado "Dia D", com a abertura extraordinária dos postos de imunizações. Como a programação fica por conta de cada município, a Secretaria Estadual de Saúde não soube informar horários e locais de atendimento
ONDE SE VACINAR NA REDE PARTICULAR DA CAPITAL
- CEC Vacinas
Rua Fioravante Milanez, 58, 303
Preço: R$ 70
Fone: (51) 3466-2255
- Cia de Vacinas
Rua 24 de Outubro, 1.312, 306
Preço: R$ 75 (em falta e não há previsão de recebimento de novas doses)
Fone: (51) 3343-8002
- Clínica de Vacinas Mãe de Deus Center
Avenida Soledade, 569, térreo
Preço: R$ 105
Fone: (51) 3378-9802
- Imune
Shopping Iguatemi e Barra Shopping Sul
Preço: R$ 110
Fones: (51) 3328-5322 e (51) 3072.9333
- ImunoClin
Rua Neuza Goulart Brizola, 422
Preço: R$ 75
Fone: (51) 3517-5755
- Santa Casa
Hospital da Criança Santo Antônio (entrada pela Avenida Independência)
Preço: R$ 70
Fone: (51) 3213-7280
- Multivacinas
Avenida Assis Brasil, 3.940, loja 3B
Preço: R$ 80
Fone: (51) 3028-2585
- Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento
Shopping Iguatemi
Preço: R$ 90
Fone: (51) 3327-7073
- Previne Clínica de Vacinação
Rua Coronel Bordini, 380
Preço: R$ 80 (R$ 65 para clientes Unimed, mediante apresentação da carteira)
Fone: (51) 3337-5455
- Prophylaxis
Shopping Total e Canoas Shopping
Valor: R$ 90
Fones: (51) 3018-8236 / ( 51) 3059-2330
- Vacine Clínica de Vacinas
Rua José de Alencar, 237
Preço: R$ 105
Fone: (51) 3233-9090
PREVENÇÃO
- Proteja a boca e o nariz ao tossir e espirrar, evitando o uso das mãos
- Lave as mãos com frequência, com água e sabão ou utilizando álcool em gel
- Mantenha os ambientes sempre bem ventilados
- Não partilhe alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal
- Evite locais com aglomeração de pessoas (escola, transporte público, centros comerciais, entre outros) se estiver com os sintomas
TRATAMENTO
- Procure atendimento médico de imediato se estiver com sintomas de febre, dor de garganta e dores nas articulações, musculares ou de cabeça
- O antiviral Oseltamivir, de nome comercial Tamiflu, pode ser obtido por qualquer pessoa com a receita médica, mesmo que ela tenha sido atendida na rede privada
- O medicamento é distribuído gratuitamente nas farmácias municipais, hospitais e pronto socorros
- O Estado possui cerca de 190 mil tratamentos (cada um composto de 10 comprimidos), quantidade superior a distribuída em todo o ano passado
