Representantes da Justiça gaúcha fizeram parte do segundo segmento de debates do Painel RBS especial Filho da Rua - Alternativas para o Drama dos Meninos das Esquinas. Para o juiz da 2ª Vara do Juizado da Infância e da Juventude da Capital, José Antônio Daltoé Cezar, ainda faltam investimentos em políticas públicas mais intensas no que diz respeito à situação das crianças de rua no Rio Grande do Sul.
- Essas crianças não possuem sentimento de pertencimento a grupo algum da sociedade. Quando se sentem acolhidos por outras que vivem a mesma situação, permanecem ali.
Conforme Daltoé, "muito da degradação desses meninos é consequência do crack", relacionada ao envolvimento de mães e pais com o tráfico de drogas, muitos deles já presos. Uma das ferramentas apontadas para a manutenção do serviço de atendimento aos jovens, segundo o magistrado, é a transformações dos abrigos em instituições de acolhimento.
- A ideia é que os abrigos se aproximem de uma casa, sem grades. E nosso papel é manter um acompanhamento periódico, a cada seis meses, buscar contato com a família dessas crianças. Em Porto Alegre, 80% funcionam bem, mas ainda existem problemas - ressalta.
O subprocurador geral da Justiça para Assuntos Instituconais do Ministério Público, Marcelo Dornelles, lembra que retirar a tutela do filho de um pai não é um processo ameno. Como consequência disso, a criança passa por um somatório de frustrações que podem acabar por levá-la às ruas. Ele defende também a desburocratização do processo de auxílio ao menor.
- Enquanto burocratizarmos a solução, o tempo já vai ter pasado. Precisamos de uma resposta imediata à sociedade.
O Grupo RBS promoveu na manhã desta segunda-feira um debate sobre as medidas necessárias para combater o avanço do número de crianças moradoras de rua no Brasil. O evento é fruto do caderno especial encartado na edição de domingo de Zero Hora, que revela a trajetória de um menino de rua em Porto Alegre.
Veja o especial Filho da Rua
