Lisandra Pioner*
E então, quase que por encanto – e me refiro a magia, jamais a deslumbramento –, somos todos obrigados a mudar nossas rotinas. Aquela conversa de que as coisas não mudam de uma hora pra outra, que tudo é um processo, cede lugar à transformação súbita e urgente. Não há espaço pra se acostumar. O costume se dará na prática, na vivência diária, na adaptação. Nunca a palavra resiliência – tão em voga – foi mais certeira!
Se pra nós, adultos, é difícil essa flexibilidade, essa contemporização e esse ajuste, para nossas crianças não será diferente. Não poder sair pra rua, não brincar com os amigos, ficar exclusivamente com a família, não ir à escola... Quantas restrições. E logo para essa nova geração, cheia de urgências, imprescindibilidades, imediatismos.
Não há fórmula mágica ou receita infalível – até porque nossas maiores certezas hoje são incertas. O que existe é a necessidade imediata de ajustes e uma necessidade indispensável de equilíbrio. Somos modelos para nossos pequenos. Não podemos exigir deles o que não temos ou sequer buscamos. Portanto, é hora de respirarmos fundo e, mais do que nunca, mostrarmos como se age. É o momento de refletirmos sobre o valor das coisas: da família, da nossa casa, da escola, dos amigos, da saúde. É hora de organizarmos os espaços do nosso lar e também o nosso tempo; e, juntando isso tudo, criarmos um ambiente de ajuda mútua, onde as tarefas da escola serão feitas da melhor forma possível.
Possível, entenderam? Vocês não estudaram para dar aula. Além disso, o ambiente escolar é muito diferente do familiar. Não é porque na escola as crianças ficam quatro horas trabalhando que elas farão o mesmo em casa – nem tentem, por favor! Na escola, existem os colegas, os professores, tempo para cada tarefa, toda uma rotina pensada especialmente para cada faixa etária. A escola, apesar de estar longe da perfeição, é um lugar estrategicamente criado para as necessidades de cada serzinho em formação. Não pensem jamais que a escola serve principalmente pra deixarmos os pequenos, enquanto trabalhamos. Por isso mesmo, não se cobrem tanto.
O mais importante nisso tudo é poder não apenas passar, como vivenciar uma lição para a vida: nem tudo dependerá de nós, mas naquilo que depender, somos nós que devemos tomar as rédeas – e de preferência, dando o melhor que temos. Como muito bem disse Mário Sérgio Cortella uma vez: "Faça o teu melhor. Na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!".
Vai ficar tudo bem!
*Pedagoga e psicopedagoga