A segunda medalha do Brasil na segunda-feira (2) veio com Elizabeth Gomes, 59 anos, porta-bandeira do país na cerimônia de abertura. Beth conquistou a prata no arremesso de peso na classe F54. A marca de 7m82cm garantiu o recorde mundial e paralímpico em sua classe (F53) — ela competiu em uma classe acima da sua.
Ainda nesta segunda, ela disputa a final do lançamento de disco na classe F53, a partir das 14h4min. Beth é a atual campeã da prova, quando lançou para 17m62cm nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021.
— Essa prata vem com gosto de ouro em uma prova acima da minha classe, fui lá buscar a medalha com recorde mundial da minha classe. Vamos lá em busca do ouro (no disco). Gratidão — disse após a conquista.
A história da brasileira no paradesporto começou há tempo. Em 1993, aos 27 anos, ela trabalhava como guarda civil e jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla.
Os sintomas iniciais apareceram em um dia de trabalho, quando ela caiu e fraturou a tíbia, necessitando de uma intervenção cirúrgica.
Durante a recuperação da cirurgia, recebeu o diagnóstico da esclerose múltipla. A doença a impediu de seguir jogando vôlei. Sem o esporte, desenvolveu também um quadro de depressão.
O quadro se intensificou por cerca de dois anos. Inicialmente, por conta da esclerose, Elizabeth andava com o auxílio de muletas. Depois, perdeu o movimento das pernas.
Beth encontrou em sua tia ajuda para buscar tratamento contra a depressão. Foi apresentada ao basquete de cadeira de rodas pelo Conselho Municipal do Deficiente da cidade de Santos.
Com um novo surto de esclerose múltipla, ficou impossibilitada de praticar a nova modalidade. Anos depois, descobriu que poderia praticar atletismo. Optou por competir no lançamento de disco e arremesso de peso.
Durante sua vida como atleta, passou por reclassificações na modalidade, tendo que disputar com atletas de classes mais altas, como foi a medalha nesta segunda.
Beth tem uma carreira repleta de conquistas. Além das medalhas paralímpicas e parapanamericanas, a brasileira foi ouro no lançamento de disco e prata no arremesso de peso no Mundial de Kobe 2024.