Em um espaço de 21 minutos e a uma distância de três quilômetros, o Brasil subiu ao pódio três vezes em Paris. Pouco tempo para respirar, mas muito para celebrar no esporte brasileiro. O "Ouviram do Ipiranga" ainda não tocou na capital francesa, mas o Brasil começou a moldar sua trajetória de pódios nesta Olimpíada, com lágrimas, carisma e presente para o filho.
Esporte que mais deu medalhas ao país, o judô inflou suas estatísticas. Agora, são 26 condecorações olímpicas. A lista de honrarias conta com a prata de Willian Lima e o bronze de Larissa Pimenta. Assim, ao todo, chegamos a quatro ouros, quatro pratas e 18 bronzes.
A primeira conquista foi a de Willian, vencido na decisão da categoria até 66kg pelo japonês Hifumi Abe. Se passaram 19 minutos para que Larissa confirmasse o terceiro lugar na categoria até 52 kg. O judô tem sua arena construída no Campo de Marte.
Perto dali, na Praça da Concórdia, Rayssa Leal, apenas dois minutos depois do fim da luta de Larissa, levou o bronze no skate street, em mais um dia em que esbanjou carisma na pista e deixou a todos nervosos.
A quarta medalha brasileira do dia escorreu pelas águas de Vaires-sur-Marne, com o quarto lugar de Ana Sátila, na canoagem slalom K1. A seguir, confira a linha do tempo desse período frenético da vida olímpica brasileira.
12h56 min - A prata em nome do filho
O pequeno Dom, de nove meses, ganhou um novo brinquedo neste domingo. Sua nova diversão será aquela peça redonda de metal que o papai Willian Lima colocou no seu peito. O judoca conquistou a prata na categoria até 66 kg. Na final, sofreu dois Waza-aris para o japonês Hifumi Abe. Desde 2000, o judô masculino brasileiro não alcançava uma final.
Naquele ano, em Sydney, Tiago Camilo e Carlos Honorato também ficaram com o segundo lugar. À época, Willian tinha apenas meses de vida, assim como Dom.
No caminho até a final, o paulista venceu o uzbeque Sardor Nurillaev. Depois, derrubou Serdar Rahimov, do Turcomenistão. Nas quartas de final, deixou no chão, com um ippon, o mongol Baskhuu Yondonperenlei. A vaga na final veio com novo golpe perfeito, agora sobre cazaque Gusman Kyrgyzbayev.
Logo após deixar o tatame, Willian não conteve a emoção. Apesar do feito, ainda sentia a dor da derrota para Abe.
— A derrota dói. Abdiquei de muita coisa. Queria o ouro. Falei para o meu filho que ia colocar uma medalha nele. É isso aí — destacou.
As medalhas de bronze ficaram com o macedônio Denis Vieru e o kazaque Gusman Kyrgyzbayev.
Sargento da Marinha, as medidas físicas diminutas de Willian, de 1,65m de altura, o impediram de ser o nadador que desejva. Trocou a piscina pelo tatame para entrar um pedaço da história do esporte brasileiro. O judô agradece.
13h15min - Bronze sobre campeã mundial
Ainda se festejava a medalha de prata de Willian quando Larissa Pimenta lutava pelo bronze no tatame na Arena Campo de Marte. Foi uma versão de quimono daquela final da Copa de 1994 entre Brasil e Itália. Uma luta nervosa, de pouca movimentações e de punições para a brasileira e a italiana Odette Giuffrida, atual campeã mundial da categoria até 52 kg.
Sem ninguém pontuar, a partida foi para o Golden Score, a prorrogação com morte súbita do judô. Foi no terceiro shidô contra Giuffrida que o bronze foi conquistada por Larissa, apelidada de Pimentinha.
A paulista de 25 anos, iniciou sua campanha com ippon sobre Djamila Silva, de Cabo Verde. Um wazari bastou para superar a britânica Chelsie Giles, nas oitavas de final. Ela não superou a francesa Amandine Buchard que também ficou com o bronze. Na repescagem, superou a alemã Ballhaus Mascha e, depois, venceu a italiana.
Na final, a uzbeque Diyora Keldiyorova ficou com o ouro, após vencer a kosova Distria Krasniqi.
13h17min - Rayssa Leal vai para mais um pódio
Nem Usain Bolt correndo, nem Lewis Hamilton com um carro de Fórmula 1 no caótico trânsito parisiense, caso tivessem visto ao vivo as duas medalhas no judô, conseguiram chegar a tempo de ver a alegria em forma de choro de Rayssa Real no skate street. Dois minutos depois do fim da luta de Larissa, a skatista garantiu o seu segundo pódio olímpico na história no skate street. Em Paris, levou o bronze. Há três anos, em Tóquio, conquistou a prata.
O brasileiro aprendeu neste domingo que também existe sufoco no skate. A classificação para a final tinha sido sofrida. A maranhanse de Imperatriz passou com a sete melhor combinação de notas — apenas as oito primeiras avançavam.
Parecia que a medalha não viria. Terminou as suas duas voltas com nota 71,66 pontos, na quinta colocação. Depois, ela tinha cinco manobras para tirar a diferença da adversária. Zerou a primeira, conseguiu nota 92,88 na segunda, mas não completou as duas seguintes. Na quinta e última tentativa voou para obter a marca de 88,83, somando 253.37. A soma a deixou em terceiro no ranking, mas era preciso acompanhar o desempenho de mais participantes. A tensão logo virou alívio. Rayssa ficou atrás apenas das japonesas Coco Yoshizawa (269.93) e Liz Akama (265.95).
Ela se tornou a 37ª atleta brasileira a conquistar uma medalha em ao menos duas edições dos Jogos. Pâmela Rosa e Gabi Mazetto, que também competiram no skate street, saíram ainda na segunda bateria.
13h25min - Quase veio a quarta medalha
Em um ritmo frenético de finais, quase veio a quarta medalha brasileira. Por dois segundos, Ana Sátila não subiu ao pódio na canoagem slalom K1. Ela terminou a prova na quarta colocação com o tempo de 100.69. Em sua quarta participação nos Jogos, Ana conquistou o melhor resultado da história do Brasil. Em Tóquio, havia terminado na 10ª colocação.
Jessica Fox, da Austrália, com 96.08,ficou com o ouro. Klaudia Zwolinska, da Polônia, com 97.53, levou a prata. E Kimberly Woods, da Grã-Bretanha, com 98.94 superou a mato-grossense e levou o bronze.
Ana voltará às águas de Vaires-sur-Marne, a cerca de 25km de Paris, na terça-feira para a disputa da modalidade C1.