Nada melhor do que uma vitória contra a Argentina, valendo o bronze, para amenizar a ressaca pela derrota na semifinal contra o Comitê Olímpico Russo. Esse é o objetivo da seleção brasileira masculina de vôlei, que enfrenta os vizinhos a partir da 1h30min deste sábado (7), em busca do terceiro lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A partida terá transmissão ao vivo da Rádio Gaúcha, da RBS TV e do SporTV.
Brasil e Argentina se reencontram na disputa pelo bronze depois de 33 anos. Em 1988, os argentinos levaram a melhor nos Jogos Olímpicos de Seul, venceram a seleção no tie break e conquistaram a sua primeira — e até agora única — medalha em Olimpíadas. O principal destaque argentino no confronto foi o ponteiro Hugo Conte, finalista em 2000 do prêmio de melhor jogador do século 20.
Depois de mais de três décadas de Seul, será a vez do seu filho, Facundo Conte, 31 anos, tentar repetir o feito do pai. O ponteiro é a esperança dos hermanos ao lado do oposto Bruno Lima, maior pontuador dos Jogos Olímpicos com 125 pontos.
A derrota de 1988 é lamentada até hoje, já que equipe brasileira ainda contava com jogadores como Renan Dal Zotto, Montanaro, Bernard e William, da Geração de Prata dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984 – resultado que mudou a história do vôlei nacional.
— Aquele jogo foi o meu primeiro como titular naquela Olimpíada. A Argentina fez uma grande partida. Fugiu do nosso pescoço essa medalha importante. Na época, eu não tinha noção do que seria um pódio. Só fui sentir mesmo em Barcelona 1992, quando conquistamos o ouro. Mas ficou aquele gostinho em 1988 porque foi uma perda dolorosa — relembra o gaúcho Paulão, que esteve nas edições de 1988, 1992 e 1996.
Depois do quarto lugar em Seul, o Brasil chegou a cinco das sete finais olímpicas. Foi campeão em Barcelona 1992, Atenas 2004 e Rio 2016; ficou com a prata em Pequim 2008 e Londres 2012. É, atualmente, seleção com melhor desempenho em Jogos Olímpicos, com três títulos e três vices.
Agora do lado de fora da quadra, Renan Dal Zotto tem a missão de remobilizar psicologicamente a equipe após a virada contra os russos— na terceira parcial, quando o jogo estava empatado em 1 a 1, a seleção brasileira chegou a abrir 20 a 12, mas acabou sofrendo a derrota no set.
— Temos de estar no pódio. Fica o nosso grande desafio agora, que é conquistar o bronze. Já passei por experiência como essa em 1988, perdemos a medalha de bronze. Esse, sim, é um gosto muito amargo. Temos de estar entre os melhores sempre. Por mais difícil que seja, temos de apagar isso. O bronze para nós conta muito. Não é pela geração, mas sabemos o quanto merecemos. O quanto trabalhamos, o quanto dedicamos. É entrar com a faca nos dentes como se fosse o ouro. Não tem tempo para lamentar — projetou Dal Zotto, ao SporTV, após a derrota na semi.
Brasil e Argentina também se enfrentaram na primeira fase em Tóquio. A seleção saiu perdendo por 2 sets a 0, mas buscou a virada e venceu no tie break — resultado que serve neste sábado para o Brasil garantir o seu sétimo pódio olímpico e a primeira medalha de bronze na modalidade.
— No bronze, o lado emocional pesa bastante porque as equipes vêm de derrotas na semifinal. Eu e o Renan (Dal Zotto) passamos por isso (em 1988). Sabemos da importância de uma medalha de bronze. Tenho certeza que vai ser um jogo difícil. A Argentina cresceu demais no volume de jogo, apesar de pecar no bloqueio e nos contra-ataques. Infelizmente o ouro não veio, mas a medalha coroa esse trabalho todo que foi feito — finaliza Paulão.