Com metade das duplas brasileiras eliminada já nas oitavas de final das Olimpíadas, o Brasil deve enfrentar cada vez mais dificuldades para subir ao pódio no vôlei de praia. Ao menos esta é a previsão do atual campeão olímpico Alison Cerutti. Após garantir a vaga nas quartas, ao lado do parceiro Álvaro, o atleta capixaba disse ver um equilíbrio muito grande no circuito.
— O mundo aprendeu a jogar vôlei de praia. Hoje, os líderes do mundo são países totalmente diferentes, como Noruega, Rússia e Catar. É um esporte onde o mundo todo investe. O Brasil tem de se reinventar cada vez mais para continuar entre os melhores — disse o jogador a GZH, em Tóquio.
Na manhã desta segunda-feira (2), pelo horário de Brasília, Alisson e Álvaro venceram com facilidade os mexicanos Rubio Camargo e Gaxiola Leyva, por 2 sets a 0, e se garantiram entre os oito melhores da competição.
A mesma sorte, porém, não tiveram as duplas brasileiras Bruno Schmidt/Evandro e Agatha/Duda, que foram eliminadas nas oitavas de final, contrariando as expectativas de uma dobradinha do Brasil no masculino ou no feminino.
— É uma pena que ocorram essas eliminações. Todos nós torcemos para que todos (os brasileiros) cheguem à semifinal e possamos fazer um pódio olímpico. Mas isso está cada vez mais difícil. Tenho 35 anos, estou na minha terceira Olimpíada e todo mundo conhece meus defeitos e minhas características. Isso faz parte. Não são só as Olimpíadas que estão equilibradas. É o circuito mundial como um todo — completou.
Na semifinal, Alison e Álvaro enfrentarão, nesta quarta, uma dupla da Letônia, formada por Tocs e Plavins, que eliminaram nas oitavas justamente os brasileiros Bruno Schmidt e Evandro.
— Jogamos contra eles em 2019. O Plavins é medalhista de bronze e defende muito bem. Já o Tocs é um bloqueador que tem um tempo de bloqueio diferente, parece um polvo — avaliou Alison.
No torneio feminino, com a eliminação de Agatha e Duda, a única represente brasileira agora é a dupla formada por Ana Patrícia e Rebeca, que venceu nas oitavas as chinesas Xia e Wang, por 2 sets a 0. Elas voltarão à quadra do Shiokaze Park, em Tóquio, nesta segunda, às 22h, pelo horário de Brasília, contra as suíças Heindrich e Verge-Depre.
— A nossa primeira fase não foi da forma que imaginávamos. Mas a vitória (sobre as chinesas) foi boa para cabeça. Dá uma afirmação de que estamos crescendo numa fase importante do torneio — disse Ana Patrícia.
As duplas brasileiras eliminadas
Após perder para os letões, Bruno Schmidt lamentou a sua performance e disse que teve a condição física prejudicada por conta da covid-19. No início do ano, além de testar positivo, o atleta ficou internado por 13 dias em um hospital para tratar a doença, sendo que cinco deles foram na UTI.
— Depois de tudo que passei, eu adoraria viver uma história bacana e de muita superação. Queria ter ajudado mais o Evandro. Eu acho que merecíamos isso. Se você for ver, cinco meses atrás eu estava saindo do hospital, nem sabia se estaria aqui. Tentei em curto prazo ser o melhor atleta que eu poderia ser, mas hoje não deu — declarou.
Já Agatha e Duda atribuíram a derrota para as alemãs Ludwig e Kozuch, por 2 sets a 1, ao mérito das adversárias.
— Nosso coração está tranquilo em relação à nossa entrega. Queríamos muito medalhar aqui, mas, para um time ganhar, o outro tem de perder. Vamos crescer com essa derrota. A derrota também serve para isso — disse Agatha.
— Demos de tudo, fizemos toda a tática, fizemos o que tínhamos de fazer. Demos literalmente nosso melhor. Não tem o que falar, o que faltou, o porquê disso só Deus sabe. Mas isso vai nos fortalecer, vamos fazer disso um aprendizado — completou Duda.
Na história do vôlei de praia olímpico, o Brasil é o país que mais conquistou medalhas (13) — são três ouros, sete pratas e três bronzes. Os Estados Unidos ficam em primeiro no quadro de medalhas histórico porque têm seis ouros, além de duas pratas e dois bronzes.