Protagonistas da maior façanha da história do tênis brasileiro em Olimpíadas, Luísa Stefani e Laura Pigossi utilizaram uma tática incomum para conquistar a medalha de bronze. No momento de maior dificuldade na decisão, com quatro match points para as adversárias russas, as tenistas paulistas começaram a cantar o hino nacional em plena quadra.
— Foi para nós lembrarmos que não estávamos jogando só pela gente. Foi para lembrarmos que tinha muita gente no Brasil mandando em energia para nós. Estou muito feliz — disse Laura Pigossi em entrevista à Rádio Gaúcha, logo após a vitória sobre as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina, por 4/6, 6/4 e 11/9.
O bronze de Luísa e Laura superou o quarto lugar de Fernando Meligeni em Atlanta, em 1996, como a maior conquista do tênis do Brasil em todos os tempos em Jogos Olímpicos. E a vitória teve contornos de façanha, considerando que as brasileiras foram inscritas nos Jogos de Tóquio de última hora, após a desistência de várias duplas melhor ranqueadas.
— Eu trabalhei o ano inteiro para chegar às Olimpíadas, mas na hora da inscrição nós estávamos fora (pelo ranking). Tínhamos inclusive outros planos. Mas aí o Frickão (Eduardo Frick, gerente esportivo da Confederação Brasileira de Tênis) ligou para gente e falou: vocês entraram. Estar aqui é um sonho. O sentimento é de muita felicidade — disse Luísa Stefani, também à Rádio Gáucha.
Antes de mandar para casa três duplas favoritas, Laura e Luísa tiveram de superar um obstáculo jurídico. Pouco antes do início do torneio, uma dupla da Geórgia, mais bem ranqueada, recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para tirar a vaga das brasileiras. Mas não levaram.
— Para participar de um torneio, o mínimo é se inscrever. Nós acreditamos desde o começo, tanto que inscrevemos as meninas, mesmo que elas não estivessem bem posicionadas no ranking. Mas houve várias desistências, e elas entraram de forma legítima. A dupla da Geórgia alegou que estava mais bem ranqueada do que elas. E estava, mas elas não tinham feito a inscrição no prazo — conta Frick.
Na primeira rodada, Luísa e Laura venceram as canadenses Gabriela Dabrowsky e Sharon Fichman por 7/6 e 6/4. Nas oitavas, superaram as tchecas Marketa Vodrousova e Karolina Pliskova por 2/6, 6/4 e 13/11. Nas quartas, as paulistas eliminaram as americanas Bettanie Matek-Sands e Jessica Pegula por 1/6, 6/3 e 10/6.
Nas semifinais, contudo, após abrirem o primeiro set vencendo por 4 a 0, as paulistas foram eliminadas pelas suíças Belinda Becic e Viktorija Golubic por 5/7 e 3/6.
A derrota, porém, não impediu as tenistas brasileiras de fazerem história.