
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) eternizou o nome de quatro atletas do país no Hall da Fama nesta terça-feira (13).
Em uma noite de gala no Copacabana Palace, na zona sul do Rio de Janeiro, Gustavo Kuerten, a gaúcha Daiane dos Santos, Edinanci Silva e Afrânio Costa (de maneira póstuma) foram homenageados pela entidade que rege o esporte olímpico brasileiro.
O tenista, a ginasta, a judoca e o atirador esportivo juntam-se a outros 35 nomes já eternizados pelo COB no hall criado ainda em 2018 para homenagear os principais atletas e treinadores olímpicos.
O evento foi aberto pelo presidente do comitê, Marco Antonio La Porta, que saudou os quatro homenageados da noite desta terça.
— Respirar fundo porque a gente olha do palco e vê a primeira fileira e está pesada. Um dia muito importante para a gente. É uma honra receber quatro nomes no Hall da Fama do esporte brasileiro. O COB teve muito cuidado em buscar um cenário perfeito para essa celebração. O país e o esporte sobrevivem sem títulos, mas não sem ídolos. Não podemos apagar a nossa história, pois ela nos mostra os caminhos da vitória. Sejam bem-vindos ao Hall da Fama do COB — ressaltou.
Afrânio Costa

O primeiro a ser posto no Hall da Fama foi Afrânio Costa, em uma homenagem póstuma ao atleta, que morreu em 1979.
Felipe Wu, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foi o responsável por citar a trajetória de Costa no tiro esportivo.
O atirador foi o responsável por conquistar a primeira medalha brasileira na história dos Jogos Olímpicos: prata na prova de pistola livre, em 1920.
Afrânio também conquistou o bronze por equipes. Quem recebeu a homenagem por Afrânio foi Cristina Ferraz, sobrinha-neta do ex-atleta.
— Muita alegria estar representando toda a família. Uma homenagem muito merecida. Muita dedicação ao esporte que ele escolheu. Agradeço muito ao comitê. Tenho certeza que ele diria que todas suas conquistas ele dedica ao Fluminense Football Club — disse Cristina após receber a placa das mãos de Jacqueline Silva, campeão olímpica no vôlei de praia em 1996.
Edinanci Silva

Edinanci Silva, judoca que esteve em quatro edições dos Jogos Olímpicos, foi a segunda ao subir ao palco para ser eternizada no Hall da Fama.
A ex-atleta conquistou duas medalhas em campeonatos mundiais. Bronze em Paris, em 1997, e Osaka, em 2003. Além disso, conquistou dois ouros em Pan-Americanos e outro bronze.
Bia Souza, campeã olímpica no judô em Paris, em 2024, foi a responsável por chamar Edinanci ao palco.
— Alguém que eu sempre admirei muito. Ela se tornou um grande ídolo para mim. Enfrentou preconceito, mas com cabeça erguida, como uma boa mulher brasileiro. Me inspirou e inspira futuras gerações.
Aos 48 anos, a ex-judoca subiu ao palco sob aplausos da plateia e chegou a ensaiar um forró enquanto esperava para botar as suas mãos no cimento que ficará eternizado no COB.
— Não tenho palavras para falar o que eu estou sentindo agora. É muita luta para a gente chegar depois de quatro anos e subir ao tatame. Foi muita batalha e eu só tenho a agradecer ao COB por acreditar, à CBJ (Confederação Brasileira de Judô) pelo meu sonho e a todos os técnicos da minha carreira — ressaltou Edinanci após receber a placa comemorativa das mãos de Emanuel Rego, diretor-geral da entidade.
Gustavo Kuerten

Gustavo Kuerten ficou eternizado na mente de todo torcedor brasileiro ao desenhar um coração nas quadras de Roland Garros.
Nesta terça, Guga foi chamado ao palco por Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas.
Apesar de nunca ter conquistado uma medalha em Jogos Olímpicos, o catarinense foi tricampeão de Roland Garros e permaneceu no topo do ranking da ATP por 43 semanas, tornando-se o primeiro sul-americano ao alcançar a posição de número 1.
Depois de ser eternizado no Hall da Fama do Tênis em 2012, o tenista entrou para o panteão do esporte olímpico brasileiro também. Aos gritos de "olê, olê, olá, Guga, Guga", ele subiu ao palco do salão do Copacabana Palace.
— Está bom demais. Obrigado povo por proporcionar um momento desses para o esporte brasileiro. De repente, em 1997, explodi para o mundo inteiro e a gente pôde aproveitar ao máximo. A gente vive essa sensação de ser humano. Sou fã incondicional de todos os atletas brasileiros — falou Guga, às lágrimas, agradecendo principalmente a sua família no discurso.
Daiane dos Santos

Por último, quem subiu ao palco foi uma velha conhecida do povo gaúcho. Ex-atleta do Grêmio Náutico União, Daiane do Santos foi a responsável por fechar a noite de homenagens.
Primeira campeã mundial da ginástica artística brasileira, em Anaheim, na Califórnia, em 2003, ela foi chamada por Jade Barbosa, medalhista olímpica em Paris.
— Me lembro bem a primeira vez que te vi na televisão. Meu sonho era entrar na seleção e te conhecer. Me sentia privilegiada de te assistir de camarote nos treinos. A excelência vinha da sua dedicação e do seu propósito — exaltou Jade.
Daiane criou dois movimentos que foram eternizados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e hoje levam o seu nome no código de pontuação: o duplo twist carpado (Dos Santos I) e o duplo twist esticado (Dos Santos II).
Somando suas participações nos Jogos Pan-Americanos, a ginasta possui cinco medalhas: duas de prata e três de bronze.
— Uma vez pedi para Deus para ser uma ginasta e ele me fez a melhor do mundo. Que honra e satisfação por estar aqui e fazer parte, representando a ginástica e o esporte brasileiro. Que felicidade de ver a história de outros tantos atletas. Obrigado por me escolherem — disse a gaúcha, fechando a noite de homenagens.
Veja todos os nomes do Hall da Fama
- Afrânio Costa (tiro esportivo)
- Torben Grael (vela)
- Fofão (vôlei)
- Yane Marques (pentatlo moderno)
- Walter Carmona (judô)
- Reinaldo Conrad (vela)
- Rogério Sampaio (judô)
- Aurélio Miguel (judô)
- Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo)
- Joaquim Cruz (atletismo)
- Bernard Rajzman (vôlei)
- Mário Jorge Lobo Zagallo (futebol)
- Paula (basquete)
- Guilherme Paraense (tiro esportivo)
- Wlamir Marques (basquete)
- Bernardinho Rezende (vôlei)
- Chiaki Ishii (judô)
- Jacqueline Silva (vôlei)
- Sandra Pires (vôlei de praia)
- Tetsuo Okamoto (natação)
- Manoel dos Santos Júnior (natação)
- Gustavo Borges (natação)
- Marcelo Ferreira (vela)
- Ricardo Prado (natação)
- Adhemar Ferreira da Silva (atletismo)
- Renan dal Zotto (vôlei)
- João do Pulo (atletismo)
- Servílio de Oliveira (boxe)
- Hortência Marcari (basquete)
- José Roberto Guimarães (vôlei)
- Maria Lenk (natação)
- Nelson Pessoa Filho (hipismo saltos)
- Melânia Luz (atletismo)
- Aída dos Santos (atletismo)
- Sebastian Cuattrin (canoagem velocidade)
- Sylvio Magalhães Padilha (atletismo)
- Edinanci Silva (judô)
- Gustavo Kuerten (tênis)
- Daiane dos Santos (ginástica artística)
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil