O torneio masculino de futebol das Olimpíadas de Tóquio começa na madrugada desta quinta-feira (22) com o Brasil indo atrás da sua segunda medalha de ouro, depois da conquista inédita no Rio de Janeiro em 2016. O time comandado por Neymar, Luan e Marquinhos, na ocasião, bateu a Alemanha.
Quis o destino que as seleções voltassem a se encontrar na estreia no Japão, a partir das 8h30min (horário de Brasília), no Estádio de Yokohama, palco do pentacampeonato da Copa do Mundo em 2002.
A rodada ainda tem os confrontos entre Egito e Espanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul, México e França, Costa do Marfim e Arábia Saudita (pelo grupo do Brasil), Argentina e Austrália, Honduras e Romênia e Japão e África do Sul.
GZH apresenta as 16 seleções que participam do torneio.
GRUPO A
Japão
Classificado por ser o país-sede, o time japonês vai em busca de ter um bom desempenho dentro de casa, ainda que não possa contar com a presença dos torcedores o apoiando em virtude da covid-19.
O técnico Hajime Moriyasu apostou em três jogadores acima dos 24 anos para o setor defensivo na tentativa de trazer mais segurança para a equipe. Apesar disso, os destaques do Japão ficam a cargo de dois atletas que jogam na Europa.
O primeiro é Takefusa Kubo, meio-campista que pertence ao Real Madrid, mas que ainda não conseguiu demonstrar seu melhor futebol no time espanhol. Nas últimas temporadas, acabou emprestado a outras equipes da Espanha. O outro é Ritsu Doan (1998), extrema-direita do PSV, que jogou pelo Arminia Bielefeld em 2020.
Medalhas: bronze na Cidade do México 1968.
África do Sul
Os africanos chegaram às Olimpíadas ao ficarem na terceira colocação do Campeonato Africano sub-23 em 2020, atrás de Egito, o campeão, e a Costa do Marfim, vice. David Notoane, treinador da equipe, aposta na dupla Luther Singh e Kobamelo Kodisang, ambos do Braga-POR, para quem sabe conseguir avançar para as quartas de final em Tóquio.
O técnico sul-africano, recentemente, teve de cortar cinco atletas da lista para o Japão, entre eles Lyle Foster, que chegou a atuar por Mônaco e Vitória de Guimarães, e era considerado uma peça importante no elenco.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
México
Campeão olímpico em 2012, quando bateu o Brasil na final em Londres, os mexicanos venceram o Pré-Olímpico da Concacaf e se classificaram para os Jogos de Tóquio. O técnico Jimmy Lozano convocou apenas um jogador que atua fora do México, o camisa 10 Diego Lainez, atleta do Bétis, da Espanha.
Aos 36 anos, o goleiro Guillermo Ochoa, do América-MEX, vai para a sua segunda Olimpíada (ele esteve em Atenas, em 2004). Ele foi um dos jogadores acima dos 24 anos convocado por Lozano para a disputa no Japão. Ochoa tem vasta experiência internacional, tendo conquistado quatro Copas Ouro e participado da Copa do Mundo.
Medalhas: ouro em Londres em 2012.
França
Semifinalista da Eurocopa sub-21, em 2019, o time francês garantiu a sua vaga em Tóquio. Assim como o Brasil, o técnico Silvain Ripoll teve de conviver com a negativa dos grandes clubes europeus à sua convocação dos atletas. Por isso, na maioria, teve de recorrer a alguns jogadores que não são tão conhecidos ao grande público.
As duas estrelas são dois atletas que já passaram dos 24 anos, um deles bastante conhecido do torcedor brasileiro (principalmente de Inter e Palmeiras). Gignac e Thauvin, ambos do Tigres, do México, foram chamados por Ripoll para a competição. O primeiro está em solo mexicano desde a temporada 2015/2016 e se tornou um ídolo local.
Medalhas: ouro em Los Angeles 1984; prata em Paris 1900.
Grupo B
Coreia do Sul
Vencedora docampeonato da AFC na categoria em janeiro de 2020, a seleção sul-coreana carimbou o seu passaporte para Tóquio com o resultado conquistado na Tailândia. O time não contará com a sua principal estrela para a disputa da Olimpíada. O meio-campista Son Heung-Min é a estrela do Tottenham, mas não estará com o seu país no Japão.
Os sul-coreanos estiveram nas duas últimas edições da competição — parando nas quartas em 2016 e chegando à semifinal em 2012. Para Tóquio, terão em Lee Kang-in, jogador de 20 anos do Valencia, sua maior esperança para continuar na busca de repetir os bons desempenhos das edições passadas.
Medalhas: bronze em Londres 2012.
Nova Zelândia
Seleção de menor expressão no Grupo B da competição, os neozelandeses se classificaram para Tóquio ainda em 2019, no Pré-Olímpico da Oceania. O técnico Danny Hay contará com o reforços de dois jogadores de larga experiência na Premier League: Winston Reid e Chris Wood, ambos estão na lista de nomes acima dos 24 anos.
No entanto, o referencial técnico da equipe de Hay é Marko Stamenic, meio-campista do FC Copenhagen, da Dinamarca. Aos 19 anos, ele vestirá a camisa do time em Tóquio.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
Romênia
Assim como a França, foi semifinalista da Eurocopa sub-21 em 2019 e garantiu seu lugar no torneio masculino de futebol das Olimpíadas. Com diversas recusas, seja dos clubes grandes da Europa ou dos times locais, Mirel Radoi, treinador da equipe e do time principal, terá apenas um jogador acima dos 24 anos.
Tudor Baluta, meio-campista de 22 anos do Brighton, da Inglaterra, é o nome dessa seleção que promete incomodar no Japão, buscando repetir a boa campanha que fez durante o campeonato europeu há dois anos.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
Honduras
A aposta do mundo do futebol era que os hondurenhos não estariam em Tóquio, principalmente por terem de enfrentar os Estados Unidos na semifinal do Pré-Olímpico da Concacaf. No entanto, a seleção caribenha bateu os norte-americanos e garantiu sua vaga no Japão.
Eles disputarão os Jogos pela terceira vez consecutiva. Em 2012, pararam nas quartas de final, derrotados pelo Brasil, e, em 2016 ficaram em quarto lugar, perdendo o bronze para a Nigéria, no Rio de Janeiro. O centro técnico da equipe de Honduras é o meia-atacante Rigoberto Rivas, de 23 anos, que atua pela Reggina, na Série B italiana. O ítalo-hondurenho também passou pelas categorias de base da Inter de Milão.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
GRUPO C
Argentina
Os hermanos se classificaram para Tóquio depois de vencerem o Pré-Olímpico da América do Sul ainda no começo de 2020, quando superaram o Brasil. Com jogadores espalhados por todo mundo, também sofreram com a recusa dos grandes clubes argentinos e europeus.
Os argentinos podem se igualar à Hungria, que conquistou por três vezes as Olimpíadas. A última medalha de ouro foi em 2008, quando Messi e Di Maria comandaram a equipe, tendo, inclusive, eliminado o Brasil de Ronaldinho na semifinal.
Apesar de Fernando Batista não poder contar com seus principais atletas, ainda sim terá uma equipe bastante competitiva, com nomes do futebol argentino como Thiago Almada, do Vélez Sarsfield, e Pedro De La Vega, do Lanús, e do Exterior — casos de Adolfo Gaich, do CSKA Moscou, e Ezequiel Barco, do Atlanta United.
Medalhas: ouro em Atenas 2004 e Pequim 2008; prata em Amsterdã 1928 e Atlanta 1996.
Austrália
Os australianos chegam a Tóquio depois de ficarem em terceiro lugar na Copa Asiática de Nações Sub-23. Eles serão comandados por Graham Arnold, que também é o treinador da seleção principal. A Austrália está de volta depois de ficar de fora dos dois últimos Jogos — Londres e Rio de Janeiro.
O goleiro Tom Glover, formado no Tottenham, Harry Souttar, do Stoke City, nascido na Escócia, e Caleb Watts, com dupla nacionalidade (inglesa e australiana), são os nomes que podem chamar a atenção no time australiano.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
Egito
Os egípcios, que esperavam contar com Mohamed Salah em Tóquio, conquistaram a Copa Africana de Nações sub-23 em 2019 e confirmaram sua vaga no Japão. Eles não participavam das Olimpíadas desde Londres, em 2012. O técnico Shawky Gharib pretendia também ter o atacante Mostafa Mohamed, 23 anos, revelado pelo Zamalek, e peça chave na conquista da vaga, mas o Galatasaray, novo clube de Mohamed, recusou.
A principal arma de Gharib é a velocidade e verticalidade do ataque egípcio, principalmente com Sobhi, Rahman Magdy e Maher.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
Espanha
Vencedora da Eurocopa sub-21, em 2019, quando bateu a Alemanha na final por 2 a 1, os espanhóis vêm mais fortes do que nunca para a disputa das Olimpíadas de Tóquio. Luís de la Fuente, treinador da equipe, tem, inclusive, jogadores que participaram da Eurocopa com Luís Enrique — casos de Pedri, do Barcelona, Unai Simón, do Athletic Bilbao, e Oyarzabal, do Real Sociedad.
Isso pode contar contra a Espanha, no entanto. O desgaste físico desses jogadores deve atrapalhar o desempenho deles durante uma competição de tiro curto, como são as Olimpíadas.
O desejo é de repetir a conquista da medalha de ouro conquistada em casa, em 1992, em Barcelona. A equipe contava com o atual técnico da seleção profissional espanhola, Luís Enrique, e com Pep Guardiola, comandante do Manchester City.
Medalhas: ouro em Barcelona 1992; prata em Antuérpia 1920 e Sydney 2000.
Grupo D
Brasil
A seleção brasileira vai para a sua 13ª aparição no futebol masculino olímpico e vem de três medalhas consecutivas — inclusive o primeiro ouro, conquistado em 2016, depois de ter tido bronze em 2008 e prata em 2012. O Brasil também tem medalhas de prata em 1984 e 1988 e outro bronze em 1996.
Apesar de ser o atual campeão, o Brasil sofreu para conseguir a vaga. No Pré-Olímpico disputado no começo de 2020, teve 100% na fase de classificação, mas passou trabalho no quadrangular final. Com dois empates nos primeiros jogos, precisou vencer a Argentina na rodada decisiva para ficar com o vice-campeonato e garantir a segunda vaga sul-americana.
O destaque da seleção é Richarlison, do Everton. O jogador de 24 anos estava com a Seleção principal na Copa América e será o camisa 10 em Tóquio. Outro nome importante é Daniel Alves, que tem 38 anos e ocupa uma das três vagas para jogadores acima da idade olímpica.
Medalhas: ouro no Rio 2016; prata em Los Angeles 1984, Seul 1988 e Londres 2012; bronze em Atlanta 1996 e Pequim 2008.
Alemanha
Os alemães vêm do melhor resultado olímpico na história do futebol masculino: a prata em 2016, quando perderam a final para o Brasil nos pênaltis. O país já tinha conseguido um bronze em 1988.
A vaga foi conquistada com o vice-campeonato no Europeu sub-21 de 2019. A Alemanha passou em primeiro no grupo com vitórias sobre Dinamarca e Sérvia e um empate com a Áustria. Depois de passar pela Romênia na semifinal, no entanto, os alemães perderam a final para a Espanha.
A Alemanha teve dificuldade para montar o elenco, porque os clubes locais não se dispuseram a liberar atletas. Por isso, ocupou apenas 19 das 22 vagas disponíveis.
Entre os destaques estão Marco Richter, do Augsburg, e Nadiem Amiri, do Bayer Leverkusen, que foram importantes na campanha do Europeu de 2019 — cada um marcou três gols.
Medalhas: prata no Rio 2016 e bronze em Seul 1988
Costa do Marfim
Os marfinenses garantiram vaga para a sua segunda aparição no futebol masculino olímpico ao ficar com o vice-campeonato da Copa Africana de Nações sub-23 de 2019. Depois de ficar em primeiro na fase de grupos e passar por Gana, nos pênaltis, nas semifinais, a Costa do Marfim perdeu a final para o Egito por 2 a 1 na prorrogação.
A Costa do Marfim apareceu nas Olimpíadas de 2008. Ficou em segundo lugar no grupo, atrás da Argentina e com vitórias sobre Austrália e Sérvia. Nas quartas, acabou eliminada pela Nigéria.
O destaque do time de 2021 é Amad Diallo. O camisa 10 tem apenas 19 anos e já atua no Manchester United.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.
Arábia Saudita
Os sauditas participaram das Olimpíadas de 1984 e 1996, com eliminações na fase de grupos em ambas. Para Tóquio, conseguiu a classificação através do vice-campeonato do Campeonato Asiático sub-23 de 2020. Eles ficaram em primeiro no grupo com Síria, Catar e Japão. Depois, a Arábia Saudita eliminou Tailândia e Uzbequistão no mata-mata antes de perder para a Coreia do Sul na decisão.
Toda a seleção saudita é formada por jogadores que atuam no país. Os três jogadores acima do limite de idade olímpico são Yasser Al-Shahrani, Salem Al-Dawsari e o capitão Salman Al-Faraj — os três são companheiros de time no Al-Hilal.
Nunca conquistaram uma medalha na modalidade.