A velejadora Fernanda Oliveira disputará em Tóquio sua sexta edição de Jogos Olímpicos. Ao lado da também gaúcha Ana Barbachan ela irá em busca de sua segunda medalha, após o bronze na classe 470 em Pequim-2008, quando competia com a carioca Isabel Swan.
Desde Londres, Fernanda e Ana competem juntas e já conquistaram diversos resultados expressivos e vitórias em etapas da Copa do Mundo da modalidade, mas ainda correm em busca de um pódio olímpico.
Nesta quarta-feira (14), enquanto aguardava autorização para poder começar a treinar na raia de Enoshima, onde a vela será disputada, a atleta do Clube dos Jangadeiros participou da entrevista coletiva virtual da equipe de vela, organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e demonstrou otimismo quanto à participação nos Jogos.
— Feliz por estar podendo competir em alto nível, em ter mantido uma sequência de trabalho com a Ana. Esta é nossa terceira participação em Jogos Olímpicos juntas. A gente teve um ciclo atípico, como todos os atletas, mas nós conseguimos construir bons resultados e isso nos deixa otimistas pra conseguir fazer uma semana de competição, dependendo da condição do vento, com bons resultados —comentou a vencedora da primeira medalha feminina da vela brasileira.
Fernanda estreou nos Jogos em Sydney-2000, quando competiu com Maria Krahe. Desde então acumula cinco participações olímpicas.
— É uma vida dedicada à vela, essa paixão que é um hobby e é o meu trabalho. Na primeira Olimpíada eu tinha 19 anos e era outra história, hoje eu tenho 40 e o que importa é que eu sigo com a mesma força, a mesma vontade, querendo sempre melhorar um pouco a cada dia— diz Fernanda, que irá igualar os números de Torben Grael e Hugo Hoyama, que também acumulam seis participações.
Em Tóquio, a gaúcha não poderá ter a presença dos filhos Roberta, sete anos, e Arthur, cinco, algo que já havia se tornado rotina na vida das crianças, sempre que possível.
— Essa parte é a mais difícil pra mim. É o único momento que me faz fraquejar digamos, porque filho é filho e é muito difícil estar longe de quem a gente ama, de quem a gente gosta, ainda mais eles sendo pequenos ( 7 e 4 anos) ainda precisam muito da mãe. Mas graças a Deus eles entendem e de certa forma já estão aprendendo a curtir e admirar isso. Desta vez está sendo diferente. A minha ideia inicial era que eles viessem ao Japão, mas não foi possível. Mas a motivação de competir me dá forças para suportar essa saudade. Mas nos falamos todos os dias, a tecnologia ajuda muito e tentamos nos sentir mais perto —lembrou.
A pandemia transformou o mundo e a rotina de todos. Para os atletas, o adiamento dos Jogos em um ano ampliou o chamado ciclo olímpico e isso acabou gerando muitas expectativas.
— As incertezas fizeram parte de tudo que nós vivemos nesses últimos meses. As mudanças de planos e a adaptação constante que todos nós tivemos que fazer nas nossas vidas e no esporte não foi diferente. A gente trabalhou e tentou planejar da melhor foma possível. O COB foi muito ágil em todas as ações que nós fizemos nesses últimos meses, a partir do momento em que nós pudemos voltar a competira e fazer treinamentos fora do Brasil. E agora não é hora mais de pensar nessas coisas que estão diferentes e o caminho que nós trilhamos pra chegar até aqui e concentrar na competição, lembrando que está igual para todos — cita Fernanda Oliveira.
Ainda sem saber como será o futuro após Tóquio, a velejadora que fará 41 anos em dezembro vê o crescimento da participação feminina como positivo para inspirar futuras gerações.
—Enxergar um exemplo e um resultado bom sempre motiva todas as partes. Em relação às conquistas femininas temos vários exemplos em outras modalidades. Na vela tem aumento da participação das meninas e é algo natural e todo resultado positivo vai motivar e fazer mais meninas querem sonhar e participar desse mundo da vela.
Nos Jogos de Tóquio, as competições da vela acontecerão em Enoshima, uma pequena ilha localizada na Baía de Sagami. As regatas classificatórias serão disputadas de 28 de julho a 2 de agosto e medal race está programada para o dia 4 de agosto.
Confira as participações olímpicas de Fernanda Oliveira:
Sydney 2000 com Maria Krahe — 19º lugar
Atenas 2004 com Adriana Kostiw —17º lugar
Pequim 2008 com Isabel Swan — Medalha de Bronze
Londres 2012 com Ana Barbachan —6º lugar
Rio 2016 com Ana Barbachan —8º lugar