O diretor-técnico da competição de surfe em Tóquio afirmou nesta quarta-feira (28) que respeita as críticas do surfista Gabriel Medina às notas que o eliminaram na semifinal contra o japonês Kanoa Igarashi. Em entrevista a GZH, o americano Eric Krammer defendeu os juízes da prova e disse que a avaliação das manobras é de fato subjetiva, o que, segundo ele, faz parte do esporte.
— Os seres humanos não pensam de forma igual. Usamos um critério de julgamento, mas o sistema é subjetivo, especialmente quando você usa números para definir a sua opinião. Eu respeito a opinião dos juízes e respeito a opinião dos atletas. Ainda que se baseiem nos mesmos elementos, os juízes podem ter opiniões diferentes. Isso acontece também em outros esportes — disse Krammer a GZH.
Após ser eliminado, Medina alegou que as notas não seguiram o mesmo critério e que o japonês recebeu uma avaliação mais generosa.
— É triste quando isso acontece. É difícil passar. Tem coisas que não dá para entender — desabafou.
O diretor da competição lembrou que apenas um dos juízes da prova entendeu que o vencedor da bateria foi Gabriel Medina.
— Quatro juízes acharam que foi o Kanoa Igarashi quem ganhou a bateria, e um juiz pensou que foi o Medina. E não há como dizer que algum deles estava errado. Foi a opinião deles — declarou.
Questionado sobre insinuações de brasileiros nas redes sociais de que o surfista japonês teria sido beneficiado pelo fato de os Jogos Olímpicos ocorrerem em Tóquio, Krammer defendeu a seriedade dos juízes da competição.
— Reclamar dos juízes é uma condição fácil. Quando as pessoas não gostam das notas, reclamam. Quando gostam, ninguém fala nada. O sistema de julgamento pode não ser perfeito, mas o juiz está sempre procurando fazer o melhor trabalho que pode. Não importa quem está usando a lycra, e sim o que está ocorrendo na onda e qual manobra está sendo feita. Eles sempre procuram fazer o melhor trabalho que podem — afirmou.
Apesar das dificuldades do mar na praia de Tsurigazaki, Krammer aprovou a primeira competição olímpica de surfe da história.
— O evento foi um sucesso. Foram três dias consecutivos com onda todo dia, o que foi muita sorte. Claro que temos coisas para aprender e melhorar. Mas acho que o próximo evento vai ser melhor ainda — lembrando que, nas Olimpíadas de Paris 2024, o surfe será disputado no Taiti, arquipélago francês situado no Pacífico a mais de 15 mil quilômetros da sede dos Jogos e que é conhecido por ter algumas das melhores ondas do mundo.