A chamada Missão Europa, organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil, já está em andamento. Desde a manhã deste sábado (18), o grupo de 112 pessoas, incluindo 72 atletas, já está em Portugal.
Divididos em quatro locais, os integrantes do Time Brasil seguem a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, interrompida por conta da pandemia de coronavírus. A escolha pelo país anfitrião se deveu ao controle de casos da doença naquele território. Mesmo assim, todo o grupo foi submetido a testes. A delegação brasileira realizou exame PCR a três dias do voo e para garantir embarque era necessário apresentar resultado negativo para a covid-19.
O grupo está distribuído em seis modalidades: boxe (10 atletas), ginástica artística (12), ginástica rítmica (10), judô (27), nado artístico (3) e natação (10). A lista de nadadores seria ainda maior se não fosse o teste positivo de João Gomes Júnior para coronavírus, que levou seu colega de treinos Felipe Lima a pedir dispensa da viagem, assim como Etiene Medeiros, que optou por permanecer no Brasil por ser asmática e fazer parte do grupo de risco.
Além deles, Viviane Jungblut, Murilo Sartori e Brandonn Almeida, que também estavam convocados para ir a Portugal, optaram por ir nas próximas levas, por decisões pessoais. Desta forma, o grupo de nadadores que teria três mulheres terá apenas uma e isso gerou um pedido de mais atenção para a natação feminina por parte da medalhista de bronze nos Jogos Rio 2016, na maratona aquática, Poliana Okimoto.
" Hoje embarca para Portugal a Seleção Brasileira de natação. Foram convocados no total 15 atletas, sendo 14 homens e UMA mulher.
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Fico me perguntando, tentando ver o que poderia estar de errado, já que temos grandes atletas, grandes técnicos e clubes incríveis no Brasil. Só sei que o que não vejo mesmo é incentivo. Incentivo para as mulheres praticarem a natação com grandes objetivos, incentivo a essas mulheres irem disputar grandes torneios, treinar com as melhores do mundo… pelo contrário, o que vejo cada dia mais é que as meninas desde novinhas percebem a dificuldade que é em estar e permanecer na Seleção Brasileira. Pela falta de apoio, por acharem que não estão fazendo diferença, por serem sempre renegadas, pela falta de fé no trabalho delas, por acharem que estão sempre “lutando” sozinhas.
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Devemos vibrar com cada conquista nossa, nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, havia apenas um mulher representando o Brasil (Fabiola Molina), em Atenas 2004 foram 8 (tivemos a 1˚ final olímpica da história da natação feminina com Flavia Delaroli, e um resultado inédito com Joanna Maranhão) de lá pra cá colocamos mais 30 atletas nos J.O.respectivos e ganhamos uma medalha no Rio 2016.
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Não acho que faltam mulheres no nosso esporte, o que acho, é que falta um olhar mais atento para elas, projetos diferenciados buscando esses talentos e apoiando o trabalho delas desde o inicio.
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Me perdoem o desabafo, mas não vejo nada sendo feito para elas, e tenho certeza que daqui a um ano, quando a convocação brasileira para os Jogos Olímpicos de Tokyo estiver fechada e a participação feminina estiver em número reduzido em relação a masculina, verei jornais e imprensa criticando as meninas. Enquanto os olharem não se voltarem para elas, entender que precisam apoia- las e incentivar- las desde a base, nada mudará.
Minha contribuição como nadadora já deixei, agora fico aqui na torcida por cada uma delas e esperando que algum projeto seja realmente colocado em prática. Boa sorte meninas!", escreveu Poliana em sua conta no Instagram
Após a publicação da mensagem da ex-nadadora de 37 anos, outras atletas também se manifestaram. Joanna Maranhão, que esteve presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos, Renata Sander, Pâmella Oliveira, Jhennifer Alves e Pâmela Alencar que já defenderam o Brasil em competições internacionais também se uniram ao protesto de Poliana Okimoto.