Caeleb Dressel, o primeiro nadador americano a cair na água para o revezamento 4x100m livre, já se aproxima do fim de sua participação. Michael Phelps é o próximo a nadar, mas não parece.
Todos os adversários já estão no bloco, preparados para saltar. Phelps ainda veste um casacão e tem os fones gigantescos a lhe tapar as orelhas. Alonga-se, percebe a aproximação do companheiro e, no último momento, tira o casaco, os fones e mergulha para colocar os Estados Unidos na liderança que não vai mais escapar.
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A cara fechada, um sinal de concentração que mantém desde que surgiu no esporte, só desaparece quando Nathan Adrien bate em primeiro. Enquanto a vitória é incerta, ele é metódico. Sacode o corpo de um lado ao outro - provavelmente ao ritmo da música -, mira um ponto no horizonte e parece visualizar a entrada na piscina, as braçadas perfeitas, a batida ritmada das pernas a lhe impulsionar.
Assim que checa o placar eletrônico, Phelps abre os braços e sorri. Mais um ouro, o primeiro testemunhado pelo filho Boomer, de apenas três meses. Dali a cerca de 50 minutos, a modelo Nicole Johnson, noiva de Phelps, estará posando para selfies com torcedores enquanto segue caminho rumo à saída do Estádio Aquático Olímpico, sempre com Boomer no colo.
Mas antes há as medalhas, o hino, a revelação de um Phelps aberto e solidário com os companheiros. Em vez da seriedade da prova, a euforia da conquista. Abraços nos jovens Ryan Held e Caeleb Dressel, que não aguentaram a emoção e choraram na cerimônia de premiação, mostraram o lado humano da lenda. Algo que ficou mais evidente quando, finalmente, encontrou a noiva e o filho.
Depois de posar para os fotógrafos, Phelps foi abraçar a família, que estava em meio ao público. Os torcedores foram à loucura com a cena. Reconhecida, Nicole não conseguia mais dar dois, três passos, sem que alguém a abordasse. Atendeu a todos de sorriso no rosto. Posou para incontáveis fotos. Brincou com um bebê, filho de um casal de brasileiros que se aproximou.
Quando a reportagem de ZH a abordou em busca de uma entrevista, lamentou que já estava a caminho da saída, mas não deixou de responder que a emoção de ver o noivo ser campeão de novo tinha sido "inacreditável" e que "estava sem palavras para descrever o sentimento".
Mas e Boomer em meio a toda essa confusão? Boomer dormia profundamente, o pequeno corpo quase imóvel e colado à mãe. Talvez já valorize, como o pai, o descanso entre uma prova e outra, sabendo que a Olimpíada é longa demais para gastar todas as energias logo na primeira noite.