O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou, na última quarta-feira (10), a "Operação Marcola", que investiga associação criminosa de ex-dirigentes do Brasil de Pelotas. Entre os suspeitos estão Evânio Bandeira Tavares (ex-presidente do clube), Tiago Rezende (Central de Sócios) e Wederson Antonossi (CEO do clube entre 2022 e 2023).
Conforme a investigação do MP-RS, os dirigentes transferiam valores recebidos pelo clube para contas bancárias pessoais. A justificativa, segundo o promotor Rogério Meirelles Caldas, era o fato de o Brasil possuir um condomínio de credores por dívidas trabalhistas e ter a obrigação de depositar o que recebia na Justiça do Trabalho.
Parte da quantia, entretanto, não voltava para os cofres do Xavante. Pelo menos R$ 400 mil teriam sido desviados. Contudo, Zero Hora apurou que o valor pode chegar até R$ 1 milhão.
Evânio Bandeira Tavares
Foi presidente do Brasil de Pelotas entre 2021 e 2023. Primeiro em um mandato complementar, após a renúncia de Nilton Pinheiro e dos vice-presidentes da gestão eleita no fim de 2020. Depois, aclamado em 2022. No entanto, Evânio Tavares renunciou ao cargo quando surgiram as primeiras suspeitas de irregularidades, em junho de 2023.
Conforme a investigação do MP, Tavares recebia em sua conta bancária pessoal as premiações do clube. Esses valores não teriam retornado aos cofres da equipe pelotense. Além disso, há suspeita de irregularidades em notas apresentadas com o nome de uma empresa de prevenção de incêndios cujo ex-presidente é proprietário.
No que definia como uma gestão empresarial, Evânio Tavares tinha planos de tornar o Brasil uma SAF e colocar gramado sintético no Bento Freitas. Na Copa do Brasil de 2023, o Brasil avançou até a terceira fase (caiu para o Atlético-MG) e acumulou R$ 3,75 milhões em bônus da CBF.
Tavares não respondeu aos contatos de Zero Hora.
Tiago Rezende
O empresário do setor tecnológico atuava na gestão de Evânio Bandeira como o responsável pela central de sócios do Brasil de Pelotas. Na época, executou um projeto de um clube de vantagens para os associados. O pagamento da mensalidade gerava um cashback para utilização em outros produtos parceiros do clube.
Assim como o presidente, a apuração do MP apontou que Tiago Rezende recebia valores em uma conta alternativa. Entretanto, elas não retornariam na totalidade aos cofres do Brasil.
Em contato com Zero Hora, Rezende afirmou que sua empresa disponibilizou todos os documentos solicitados e está colaborando para a investigação. Ele irá se posicionar com mais detalhes quando seu assistente jurídico receber o acesso ao processo.
Wederson Antinossi
Conhecido como Mineiro, por ser de Minas Gerais, foi CEO do Brasil de Pelotas até junho de 2023. Deixou o clube por solicitação do Conselho Deliberativo quando Evânio Tavares renunciou ao cargo de presidente. Atualmente, é diretor de instituição financeira cooperativa, em Belo Horizonte. Por esta razão, buscas foram feitas em sua residência em Contagem-MG.
Conforme seu perfil no Linkedin, era responsável pela comunicação entre diversas áreas do clube em busca de ampliação de receitas. Ainda segundo sua rede social, agia com o lema: "Gestão diferente, gestão eficiente e choque de gestão".
Apesar de ter licenças de marketing e gestão, nunca havia trabalhado com futebol profissional até chegar ao Brasil. Quando já estava no clube, concluiu o curso de Executivo de Futebol — licença obrigatória pelas normas da CBF. Suas experiências anteriores eram em empresas de gestão financeira de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Na investigação do MP, é suspeito de receber valores dos patrocinadores do Xavante em conta pessoal e não realizar o repasse correto. Segundo a advogada de Antinossi, porém, está em andamento uma reclamatória trabalhista, aberta em 17 de junho, na qual ele denuncia irregularidades do Brasil, como o salário ter sido pago através de 36 cheques de patrocinadores. Portanto, não estaria envolvido nos crimes que é suspeito.