Sucesso na estreia pelo Grêmio com um gol e duas assistências, Cristian Pavon deve se reencontrar com Eduardo Coudet no Gre-Nal 441 do próximo domingo (25), às 18h, no Beira-Rio. Foi com o técnico colorado que o jogador teve o melhor momento no Atlético-MG. Antes de chegarem ao Rio Grande do Sul, os dois trabalharam juntos por cerca de seis meses em Belo Horizonte, em 2023. A saída do 'Chacho' do Galo, inclusive, foi o início da perda de espaço de Pavon no time, o que culminou com a transferência dele para o Tricolor na semana passada.
Desta vez, os argentinos estarão em lados absolutamente opostos. Pela primeira vez no ano, a dupla Gre-Nal medirá forças. O trabalho do Coudet e a janela de contratações do Grêmio, na qual a cereja do bolo é Pavon, serão avaliados pelas atuações de ambos no clássico do Beira-Rio.
— Eu sei como enfrentar os clássicos. Já trabalhei com ele no Atlético (Eduardo Coudet), mas agora estou aqui e é meu rival — comentou Pavon na sua apresentação oficial pelo Grêmio, nesta segunda-feira (19), sobre a relação com o técnico do adversário no fim de semana.
Enquanto Pavon tem pouco mais de 45 minutos com a camisa tricolor, Coudet está na segunda passagem pelo Inter, iniciada no ano passado, depois de deixar o Galo com 35 jogos, 21 vitórias, oito empates e seis derrotas. Em aproximadamente um semestre, o técnico alcançou o título mineiro, mas as atuações irregulares levaram a atritos públicos com a direção e torcedores.
Agora, 'El Chacho' vai para o Gre-Nal para defender a liderança do Gauchão que conquistou com sete vitórias, um empate e uma derrota. Desde que assinou com o Colorado em julho, soma 38 jogos, 19 vitórias, oito empates e 11 derrotas. O aproveitamento é de 57%, cerca de 10% abaixo do que atingiu no Galo.
A vitória no clássico significaria um impulso para o primeira taça de Coudet no Inter, um passo considerado importante após o segundo semestre frustrado com a queda na semifinal da Libertadores e o nono lugar no Brasileirão.
Por que Pavon perdeu espaço no Galo?
Uma terceira figura, também ligada ao Grêmio, foi protagonista na história que antecede a mudança do atacante de 28 anos para a Arena: Luiz Felipe Scolari. O técnico gaúcho assumiu o clube mineiro em junho e promoveu alterações que não favoreceram o estilo do ponta-direita, até então priorizado por Coudet. De acordo com o jornalista Samuel Resende, do jornal Estado de Minas, o boa fase de Pavon pelo Atlético-MG foi sob o batuta do atual comandante colorado.
— O Coudet gostava de um ponta bem característico, driblador, com velocidade. Tanto é que, muitas vezes, colocava o Mariano no lugar do Saravia para abrir o Pavon pela ponta. Aí chega o Felipão, com outra ideia. O Felipão gosta de dois volantes mais marcadores. Otávio e Battaglia passaram a formar essa dupla, e o Zaracho, que é um dos principais jogadores do Galo, perdeu espaço ali. Então, para encaixá-lo, a única posição que sobrava era a meia-direita, onde o Pavon vinha sendo utilizado. Na hora de sacar um, sobrou para o Pavon, porque o Zaracho tem mais qualidade — explica Resende.
O jornalista Claudio Rezende, da Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, vai ao encontro da análise do colega. Ele também comenta que a estratégia de marcação de Felipão não favoreceu Pavon.
— O Coudet fazia um esquema em que não precisava voltar tanto. O Pavon ficava pelo lado direito ou lado esquerdo, na linha de três, no meio de campo. Realmente, o melhor momento do Pavon foi com o Coudet, principalmente na reta final da fase de grupos da Libertadores e no Brasileirão — acrescenta o repórter.
Concorrência
As portas do time titular do Galo para Pavon começaram a se fechar mesmo em outubro. Até ali, chegou a fazer 17 jogos como titular com Felipão. Depois, foram oito partidas em que saiu do banco, duas em que não atuou e duas entre os 11 iniciais.
Mesmo ao terminar o ano como reserva, se manteve como um dos líderes de assistência do Brasileirão, com oito passes para gol, atrás do companheiro de time Hulk e Luis Suárez, do Grêmio, com 11 cada.
Na virada para a atual temporada, Pavon viu as chances ainda mais reduzidas, com a contratação de Gustavo Scarpa para o ataque. A concorrência com Zaracho, Paulinho, Hulk e Scarpa encurtou o lastro de oportunidades para Pavon em Belo Horizonte. Foram quatro jogos no Campeonato Mineiro de 2024, nenhum como titular.
O 12º do Galo
Samuel Resende, contudo, pontua que Pavon se tornou um 12º jogador do Galo, sempre utilizado quando o time precisava renovar fôlego e injetar velocidade no segundo tempo. Se tivesse que dar uma "dica" para o treinador Renato Portaluppi sobre a forma de manter o alto nível do argentino, o jornalista acredita que tê-lo na ponta direita do campo é o melhor caminho.
— Outro motivo de o Pavon não estar indo tão bem no Atlético-MG foi que o Felipão dava muita liberdade para os atacantes circularem. Quando precisava vir para o meio, jogar entre linhas, ele não ia bem. Ele é bom para jogar lateralizado, receber a bola e partir para cima, para os cruzamentos. Nesse sentido, um time de transição facilita muito — opina Resende.