A Fifa descartou nesta segunda (8) uma punição à CBF, o que poderia tirar a Seleção Brasileira e os clubes do país de competições internacionais. O anúncio foi feito pelo diretor jurídico da Fifa, Emilio Garcia, que se reuniu com o presidente Ednaldo Rodrigues e outros diretores da entidade na sede da confederação, no Rio de Janeiro.
Segundo o dirigente da Fifa, havia risco "de o Conselho da Fifa expulsar o Brasil de todas as disputas internacionais", o que não se confirmou: o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devolveu a presidência a Ednaldo Rodrigues na última quinta.
— Este é um ponto crucial. A CBF e o futebol brasileiro estavam em risco. Havia risco muito alto de o Conselho da Fifa tomar uma decisão, não contra o futebol brasileiro, mas contra a intervenção exterior no futebol brasileiro. Isso ficou descartado neste momento, com esta decisão do Supremo —afirmou Garcia.
— A Fifa e Conmebol vieram ao Rio de Janeiro para garantir a independência da Confederação Brasileira de Futebol e o cumprimento dos estatutos da Fifa e da Conmebol. Ficamos aliviados com a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (Federal), que restaura presidência de Ednaldo à decisão livre e democrática do futebol brasileiro — acrescentou o dirigente da Fifa.
Ednaldo Rodrigues se mostrou aliviado:
— Posso dizer que é o futebol brasileiro que ganha, não é o presidente. Fui eleito de forma clara e transparente pela unanimidade dos presentes na assembleia de 23 de março (de 2022). Ganha o futebol brasileiro quando tem sua autonomia restabelecida, quando tem a certeza de que seus clubes vão cumprir as competições internacionais para as quais foram classificados, que a Seleção Brasileira possa, em todas as categorias, desenvolver seu futebol nas competições, como Eliminatórias de Copa do Mundo e Pré-Olímpico.
A visita dos representantes da Fifa e da Conmebol aconteceu um mês depois de o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) destituir Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Na ocasião, a 21ª Câmara de Direito Privado considerou inválido um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público do Estado e a CBF. A decisão anulou os efeitos da Assembleia Geral que elegera Ednaldo em 2022. O mandatário retomou o cargo apenas na semana passada, após liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF.
A Fifa não aceita interferência judicial ou de governos em suas confederações esportivas filiadas. Desde que a ação judicial começou a tramitar nos tribunais, a entidade máxima do futebol enviou duas cartas à CBF alertando para o risco de sanções "mesmo que a influência de terceiros não tenha sido culpa da associação membro em questão".
Mais do que uma medida prática, a chegada de um representante da entidade ao país serviu para mostrar à CBF que a Fifa cogitava de fato uma punição. O risco de sanção, contudo, diminuiu com o retorno (pelo menos até o momento) de Ednaldo ao poder.