Cuca deixou o comando técnico do Corinthians na noite de quarta-feira (26), após sete dias no cargo, por conta da repercussão negativa relacionada à sua condenação por abuso sexual de uma menina de 13 anos em um hotel na Suíça. Esse curto período à frente do time paulista foi o suficiente para que o grupo de jogadores apoiasse o treinador. O presidente do clube, Duilio Monteiro, acredita que as críticas da torcida e da imprensa foram "exageradas".
— São os novos tempos, vamos dizer assim. Não quero entrar no mérito agora, mas acho que foi um exagero, um massacre em cima dele e do Corinthians, em cima de mim também. Ele, infelizmente, não tem condições de seguir. O Corinthians é gigante, todos nós sabemos. Ficamos felizes com a vitória e tristes por perder um profissional desse gabarito — relatou o presidente do clube paulista.
Duilio não contava em ter de voltar ao mercado em tão pouco tempo para buscar treinador. Segundo ele, a contratação de Cuca era uma convicção.
— Ainda insisti, estava convicto de que é um grande profissional, isso todos sabem, vencedor, que poderia ajudar muito o Corinthians, mas infelizmente ele não tem condições. A gente torce para que ele resolva logo esse problema dele e as portas vão estar abertas para quando ele estiver com tudo resolvido e cabeça boa — concluiu.
Um dos principais atletas do elenco, Róger Guedes reclamou da repercussão na mídia e das críticas feitas por jornalistas ao técnico Cuca.
— Ontem (terça-feira, 25) mesmo fiquei uma hora na sala dele. O cara chorar na sua frente é f*. Infelizmente, vivemos em um momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a pessoa provar sua inocência. As pessoas precisam rever as falas — disse o jogador após a vitória nos pênaltis sobre o Remo.
O lateral-direito Fagner, um dos líderes do elenco do Timão, também saiu em defesa do treinador.
— O cara no dia a dia é super do bem, vitorioso por onde passou. Então é torcer agora para ele, junto com a família dele, conseguir organizar as coisas, a casa dele, a família, que eu acho que é o mais importante — afirmou o atleta.
A repercussão do caso foi tão intensa desde a chegada de Cuca ao Corinthians que, ao término da partida contra o Remo pela Copa do Brasil, ainda dentro das quatro linhas, o goleiro Cássio declarou que todos os jogadores estavam unidos com o agora ex-treinador da equipe.
— Eu não vou entrar em detalhes, nem nada. Mas é um cara que, apesar de tudo, tem lutado para ajudar. Nós estamos juntos. Vamos juntar. Aqui tem muito trabalho, temos muito a melhorar com ele — salientou o ídolo do clube.
Após a classificação nos pênaltis pela competição nacional, o grupo de jogadores correu para a beira do campo, em direção a Cuca, para abraçá-lo.
O caso Cuca
Cuca foi detido em 1987, junto aos atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, todos jogadores do Grêmio à época. Os quatro foram presos na Suíça por "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos em um hotel em Berna. Dois anos mais tarde, Cuca foi condenado a 15 meses de prisão.
O treinador alega inocência no caso e relata uma "vaga lembrança" do episódio.
— Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada — defendeu-se Cuca na apresentação como técnico do Corinthians.