Mais uma partida do futebol gaúcho recebeu alerta de suspeita de manipulação de resultados. E, desta vez, as imagens corroboram com isso. Na partida entre Atlético de Carazinho e Brasil de Farroupilha, um jogador do time da Região Norte fez um gol contra e cometeu um pênalti no intervalo de 10 minutos. As ações, aparentemente, são deliberadas.
A partida era válida pela primeira rodada da Copa FGF, disputada no dia 15 de setembro, no Estádio Paulo Coutinho, em Carazinho. Aos 28 minutos, o zagueiro Isael, do Atlético, abriu o placar para o Brasil-Far. É um lance no qual o atacante tenta uma bicicleta, a bola bate na trave e Isael, sozinho, coloca para o próprio gol. Aos 38, em novo ataque dos visitantes, há um cruzamento para a área e Isael, mais uma vez sozinho, coloca a mão na bola. O pênalti, porém, foi defendido pelo goleiro.
No intervalo do jogo, o zagueiro ficou no campo e, segundo testemunhas, foi impedido pelos companheiros de entrar no vestiário. Ele foi substituído e não voltou para o segundo tempo.
O diretor que responde pelo departamento de futebol do clube, Eduardo Silva, afirmou que dispensou o jogador após a partida.
— Ele disputou toda a Terceirona conosco sem qualquer tipo de problema. Não posso afirmar que teve alguma coisa, mas como disse que não estava bem, decidimos terminar o contrato — afirmou Eduardo.
De acordo com o dirigente, seu interesse no Atlético era o de formar e revelar jogadores. Ele afirmou que três deles foram para outros clubes. O representante de Carazinho terminou a Copa FGF com cinco derrotas em cinco jogos. Levou 21 gols e fez um.
Isael foi procurado pela reportagem e se manifestou no final da tarde desta segunda (17). Indignado com a suspeita, afirmou que não sabe de qualquer manipulação e disse que estava sentindo muita dor na perna durante a partida. Ele declarou que "foi para o sacrifício" porque tinha uma lesão no músculo posterior da coxa, sofrida ainda na Terceirona e que não fez o tratamento adequado. O jogador reforçou a dificuldade que vivem os profissionais de divisões inferiores e alegou ainda não ter recebido o salário do clube do norte gaúcho. A direção do time de Carazinho confirmou as dificuldades financeiras.
O delegado Gabriel Bicca, titular da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), incluiu os lances na investigação já aberta.