
A brasileira Barbara Zandômenico Perito está sendo acusada pelo ex-namorado italiano, Nunzio Bevilacqua, de integrar uma seita de mulheres para tentar lucrar com pensões alimentícias.
O homem, que é advogado e empresário, foi até a imprensa italiana para dizer que a gravidez da brasileira seria fruto de orgias e ritos satânicos.
Ela nega a acusação e a defesa quer que ele seja responsabilizado criminalmente pelo caso.
Uma reportagem exibida no Fantástico no domingo (11) mostrou que a emissora RAI, uma das principais da Itália, exibiu uma reportagem com a seguinte chamada: "Italiano vítima de magia e extorsão no Brasil. Inventam-se falsas paternidades para arrancar dinheiro".
Entenda o caso
Barbara Perito, que é descendente de italianos, mora em Tubarão (SC), dá aulas para brasileiros e ensina português para estrangeiros. Nunzio Bevilacqua, que possui negócios no Brasil, se matriculou em um dos cursos dela e, após cinco meses, eles se aproximaram e começaram a se relacionar.
Na entrevista ao Fantástico, ela afirmou que, desde o início, ele a apresentou como namorada e que, após uma viagem dos dois pelo Brasil, ela fez um teste de gravidez, que deu positivo. Inicialmente, ele ficou feliz com a notícia.
No entanto, ao voltar para Roma, Nunzio insistia que ela fosse com ele — foi quando eles começaram a se afastar. Barbara temia deixar o Brasil e não viver aquele momento ao lado dos familiares:
— Era uma coisa nova, minha primeira filha, eu não sabia como seria. É tudo muito novo, e ele não aceitou muito bem.
Ainda segundo a brasileira, ela recebeu uma ligação de Nunzio, que perguntou se estava tudo bem ele não participar da criação da filha, não registrar e nem ajudar financeiramente:
– Eu falei: "Isso aqui não está certo. A gente precisa fazer o que é certo: registrar, acertar a convivência, acertar a pensão".
Difamação
Em julho de 2022, dois meses depois do telefonema de Nunzio, a criança nasceu. Dias depois, o italiano solicitou um exame de DNA em São Paulo, em uma clínica escolhida por ele: a paternidade foi confirmada.
O empresário pediu um segundo teste que, desta vez, foi negado pela Justiça. Foi aí que ele começou a espalhar a história para a imprensa italiana, afirmando que, no Brasil, "havia uma organização criminosa que queria enganar homens europeus e extorquir o dinheiro deles".
Nunzio Bevilacqua concedeu entrevistas para diversos veículos do país e afirmou ter recebido uma denúncia anônima, que apontava que a gravidez de Barbara era fruto de orgias e rituais satânicos brasileiros que "alimentavam uma fábrica de crianças sobrenaturais para lucro com pensões alimentícias".
— Ele criou uma narrativa como se no Brasil tudo fosse possível. Uma seita religiosa, que é uma organização criminosa, em que as mulheres engravidam de um santo por meio de uma fertilização. Ou seja, todas as crianças são filhas do mesmo santo, do mesmo guru. E, depois de dois anos, se a gente não alcança o objetivo, as crianças são vendidas — contou Barbara.
Processo criminal
A defesa de Barbara pede que Nunzio seja responsabilizado. Um processo criminal foi instaurado para a apuração dos crimes de calúnia, difamação e stalking. O contexto seria de violência doméstica, mesmo que pela internet.
No início de maio, a Justiça Federal concedeu medidas protetivas a ela. Em 2024, uma equipe de reportagem italiana esteve no Brasil e registrou imagens da brasileira e da filha andando na rua, sem autorização.
Caso venha ao Brasil, Nunzio está proibido de se aproximar de Barbara e de seus familiares, com distância mínima de três quilômetros. Também está proibido de contatá-los por qualquer meio de comunicação.