O Brasil tem nove títulos mundiais de judô. E seis dessas medalhas douradas foram conquistadas por judocas da Sogipa. João Derly foi bicampeão do meio-leve (66kg) em 2005/07, Tiago Camilo venceu o meio-médio (81kg) em 2007 e Mayra Aguiar se consagrou tricampeã do meio-pesado (78kg) nesta terça-feira, em Tashkent, no Uzbequistão.
Além dessas seis medalhas de ouro, a equipe gaúcha ainda contribuiu com mais sete pódios, chegando a 13 das 63 conquistas brasileiras na história da competição. E quem sempre esteve presente nestes momentos foi Antônio Carlos Pereira. O técnico de 54 anos é apontado como uma das principais referências da modalidade no mundo e, além de treinar os judocas da Sogipa é, desde o final do ano passado, o comandante da seleção brasileira masculina.
Com 36 anos de experiência com treinador, Kiko vive um momento especial em sua carreira. Em Tashkent, acompanha a seleção masculina, que já levou um bronze com Daniel Cargnin, e também está ao lado das atletas da Sogipa que integram a seleção feminina, entre elas Mayra Aguiar.
Em conversa com GZH, Kiko Pereira falou sobre o tricampeonato de Mayra.
É possível dar uma dimensão a essa conquista da Mayra?
O tamanho dessa conquista. A Mayra entrou num hall muito restrito de tricampeões mundiais. É uma felicidade muito grande. É um esporte (judô) que tem sua predominância no Oriente, Japão, Coreia, China, no leste europeu. E a Mayra entrou no hall da fama do judô internacional como uma das maiores vencedoras da história. Tricampeã do mundo. É muita emoção. Uma menina que começou desajeitada, grandalhona, que chega à sua sétima medalha em campeonato mundial. Isso representa muito.
A Sogipa tem projeto vencedor no judô, que começou lá atrás, quando você e o João Derly foram atrás de patrocínios. O que essa série de conquistas significa para o clube ?
O projeto olímpico do judô da Sogipa é muito vencedor. De 2005 pra cá são 13 medalhas em mundiais, seis medalhas olímpicas. E tudo começou com aquela grande vitória do João Derly no Cairo, no Egito. Conseguimos buscar empresas, e o projeto tem muita credibilidade. De ano em ano tem grandes resultados. Nossos parceiros são sensíveis a esse projeto. A Sogipa e o esporte olímpico gaúcho estão de parabéns. Apresentamos hoje uma grande capacidade de disputa, porque aqui estamos num fuso de 8h, com alimentação muito diferente, idioma, país muito diferente, e nossos atletas estão fazendo uma grande campanha.
A seleção masculina está bem renovada. O Cargnin (Daniel) mudou de categoria e foi bronze. O que dá pra dizer sobre o desempenho dessa equipe aí no Mundial ?
Estamos bastante felizes com a seleção masculina, porque fazia cinco anos que não ganhávamos uma medalha em um Mundial. E amanhã (quarta-feira) tem mais, tem o Baby (Rafael Silva) e o ontem (segunda), conseguimos um sétimo lugar com o Marcelo Gomes, que disputa seu primeiro mundial. O Willian Lima, o Guilherme Schimidit, o Rafael Buzacarini foram derrotados nas oitavas de final. O trabalho segue, até porque daqui oito meses temos um novo Campeonato Mundial, no Catar. E será uma grande competição visando aos Jogos Olímpicos. Estamos muito próximos de Paris, e tenho certeza que o Brasil vai chegar com uma equipe competitiva, com bastante chances de ganhar medalhas.