E Mayra Aguiar segue fazendo história. Nesta terça-feira (11), em Tashkent, no Uzbequistão, a gaúcha sagrou-se tricampeã mundial de judô na categoria meio-pesado (até 78kg), repetindo os títulos conquistados em 2014 e 2017. Na decisão, ela superou a chinesa Ma Zhenzhao, por waza-ari, e garantiu a terceira medalha brasileira na competição, após o ouro de Rafaela Silva e o bronze de Daniel Cargnin.
A campanha da judoca da Sogipa teve início com vitória nas punições sobre a croata Petrunjela Pavic. Na segunda luta, a número cinco do ranking da Federação Internacional de Judô (IJF) e com 38 segundos projetou a cazaque Aruna Jangeldina por ippon e garantiu vaga nas quartas de final contra a japonesa Shori Hamada, atual campeã olímpica e vencedora da edição de 2018 do Mundial.
O duelo entre elas foi tenso e como num bom clássico com estratégias distintas. Hamada, especialista no solo tentava levar a luta para o chão, enquanto Mayra buscava manter o combate o maior tempo possível de pé, com disputas de pegada. A tática da brasileira de 31 anos deu certo e, após ambas serem punidas por falta de combatividade, ela conseguiu encaixar a técnica perfeita no momento exato e jogou a japonesa de costas no solo. Ippon com um minuto e 46 segundos de combate.
Após o grande resultado, Mayra Aguiar foi para a semifinal encarar a alemã Alina Böhm, atual campeã europeia, que nas quartas passou pela compatriota Ana Maria Wagner, atual campeã e bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando derrotou a sogipana nas quartas.
Mas apesar do bom momento que vive, Böhm não foi páreo para Mayra, que conseguiu um waza-ari logo a oito segundos de luta, o que seria definitivo após os quatro minutos de combate. Na outra semifinal, a chinesa Ma Zhenzhao passou pela ucraniana Yelyzaveta Lytvynenko, também com um waza-ari, a 17 segundos do final do tempo regulamentar, e garantiu o maior resultado de sua carreira.
Esta foi a terceira vez que Mayra Aguiar e Ma Zhenzhao se enfrentaram. Em maio de 2018, elas estiveram frente a frente no Grand Prix Hohhot, na China, e a brasileira foi a vencedora. Meses depois, em setembro, a chinesa eliminou a gaúcha nas oitavas de final do Mundial disputado em Baku, no Azerbaijão.
O tira-teima entre elas começou com a gaúcha buscando definir o combate o mais rápido possível. Dessa forma, mesmo enfrentando uma atleta com maior envergadura, ela buscou a pegada e com 22 segundos conseguiu um waza-ari, abrindo vantagem. Na sequência, as duas judocas foram punidas por falta de combatividade.
A disputa passou a ficar mais equilibrada, com a brasileira buscando encaixar o golpe que poderia definir a luta e a chinesa impondo sua força e envergadura. Com um minuto para o final, as duas judocas receberam a segunda punição e a luta foi até o final sem mais nenhuma pontuação.
Com a vitória, Mayra se tornou a primeira atleta do Brasil, entre homens e mulheres, a conquistar um tricampeonato mundial de judô. Esta foi sua sétima medalha individual, já que também foi prata em 2010 e bronze em 2011/13/19, além de ter no currículo três bronzes olímpicos, um ouro nos Jogos Pan-Americanos, sete títulos do Campeonato Pan-Americano e um título mundial júnior em 2010.