O Flamengo de São Pedro vem se consolidando como um dos exemplos transformadores do esporte. Em mais de um ano de projeto, ajudou jovens a realizar o sonho de jogar futebol. Elas competiram, venceram, perderam, e conquistaram o título que deu direito a vaga em uma série nacional. Não parou por aí. Nesta quinta-feira, o elenco embarcou rumo a Minas Gerais para as oitavas de final do Brasileirão Feminino A-3. O trajeto de avião foi o primeiro voo para mais de metade das jogadoras.
Das 20 atletas relacionadas, 11 ainda não haviam usufruído da experiência de fazer uma viagem de avião. De cara, o trajeto inédito contou com uma escala. Depois de embarcarem no aeroporto de Chapecó, a delegação desembarcou em Guarulhos e pegou um novo voo até Confins para chegar em Minas Gerais.
No saguão em São Paulo, Claudinéia Ribeiro observava o movimento do aeroporto de uma forma mais tranquila. Semblante contrário ao que viveu no primeiro trajeto do voo, como ela própria relatou a GZH.
— Minha experiência foi muito emocionante porque é a primeira vez (de avião). Eu fiquei muito nervosa, mas aos poucos fui me acostumando. Foi uma experiência muito boa — disse Claudinéia.
A atacante foi uma das primeiras atletas indígenas da equipe de Tenente Portela, conforme contou a reportagem de GZH em outubro de 2021. Ao lado de Giza Proença, indígena caingangue, se tornaram pioneiras no futebol feminino gaúcho ao entrarem em campo com rosto, braços e pernas com pinturas típicas de sua etnia.
Para a mais experiente, a viagem desta quinta-feira significou a realização de sonho de menina. Titular e capitã do Flamengo, Daia Bueno compartilha a felicidade de uma conquista particular e de orgulho pelos frutos que o time vem colhendo.
— Estou muito feliz por tudo o que time vem alcançando. Sem dúvidas, é a realização de um sonho. O sonho de menina agora está se tornando realidade. Estou jogando o Brasileiro, passamos de fase, estamos representando o Estado nesta competição. O nosso objetivo era passar para a segunda fase, e agora queremos mais. A própria viagem de avião é uma motivação a mais. Sabemos que só depende de nós mesmas para seguir realizando esse sonho — contou a capitã do Flamengo.
Responsável por defender o pênalti que garantiu o título de terceiro lugar do Gauchão, a goleira Laís Ballen foi relacionada pela primeira vez para o Brasileirão. Problemas com o comprovante vacinal e um diagnóstico de covid-19 deixaram ela de fora da primeira fase. Natural do município de Nova Itaberaba, em Santa Catarina, ela deixou a localidade para viver o sonho do futebol em Tenente Portela. Nesta quinta-feira, também viveu a emoção de realizar algo que já estava planejando desde o início da competição: a viagem de avião com a delegação.
— Eu fiquei muito ansiosa. Ainda não tinha viajado de avião. A partir do momento que você está viajando em grupo, isso passa mais confiança. Na hora do embarque, foi uma emoção sem explicação. É uma sensação maravilhosa. Quando eu cheguei em Minas, lembrei do sonho que ninguém dava valor algum. Acho que nem nós mesmas pensávamos em chegar nesse lugar. Eu nem sei se caiu a ficha do nível da competição que estamos e desse momento que estamos vivendo.
O jogo
Ipatinga e Flamengo de São Pedro fazem o primeiro jogo das oitavas de final do Brasileirão Feminino neste sábado (2), às 16h, no Ipatingão. A partida de volta está agendada para o dia 9 de julho, próximo domingo, em Três Passos.
Não há gol qualificado nos mata-matas, conforme o regulamento. Quem avançar deste confronto, vai enfrentar nas quartas de final o classificado de Vila Nova-ES e Taubaté-SP. Para conquistar o acesso à segunda divisão é preciso chegar até às semifinais.