Vencedora do X-Games. Medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio. Vencedora de etapas da Street League Skateboard. Elogios de Tony Hawk. Dona de um shape com o próprio nome. Tudo isso faz parte da vida de uma skatista brasileira de 14 anos. Rayssa Leal não é apenas mais uma. Desde que surgiu aos olhos do mundo, em 2015, quando mandou um heelflip, em uma escada, em Imperatriz, no Maranhão, sua cidade natal, a vida da menina nunca mais foi a mesma.
Enquanto se prepara para o Pro Tur de Roma, que começa no próximo dia 26, primeiro campeonato a contar pontos para classificação para as Olimpíadas de Paris, Rayssa atendeu GZH em uma ligação de vídeo na manhã da última quinta-feira (23). Falando direto da sua casa, em Imperatriz, e enquanto tomava seu café da manhã, a menina falou sobre sua preparação para o próximo torneio, o ciclo olímpico para Paris e o lançamento do seu pro model, esbanjando espontaneidade.
Confira o papo com Rayssa Leal
Como tá sendo tua preparação para o ProTour de Roma, uma das seletivas que conta pontos para a classificação para as Olimpíadas de Paris?
Eu voltei para casa, estou treinando um pouquinho aqui, treinei bastante nos Estados Unidos, passei uma temporada por lá com a minha família. Tenho certeza que vai estar demais em Roma, aprendi várias manobras, espero chegar em Roma e jogar elas. São manobras novas, que eu nunca vi nenhuma menina fazer dentro da cena. Então, meio que vai ser inédito essas duas manobras novas. Espero chegar lá e mandar elas no primeiro campeonato valendo pontos para as Olimpíadas.
Você falou em duas manobras novas para o campeonato em Roma, conta aqui para a gente, quais são elas?
Não posso falar. É segredinho de Estado. Só vendo. Vocês vão saber (risos).
Em Tóquio, ganhou a prata no street. Como está a preparação para Paris, porque a expectativa sempre aumenta para cima de ti?
Está tudo ótimo graças a deus. Estou treinando, me divertindo todos os dias. Isso já é coisa que eu faço todos os dias, mas a minha preparação está ótima, estou com o meu time perfeito, então não vai ter como errar.
Recentemente, na tua passagem pelos Estados Unidos, foi lançado teu primeiro pro model, um shape com o teu nome. Como foi isso para ti?
Se eu te falar que eu meio que sabia que ia ter uma surpresa, você não vai acreditar. Um dia antes de lançar meu pro model, eu tinha descido Hollywood High, o corrimão meio que mais respeitado lá fora. Como eu estava fazendo uma videoparty, pensei que eles iam fazer uma surpresa para mim, porque eu desci o corrimão. A Tati (assessora de carreira de Rayssa) me ligou e perguntou como eu tava e expectativas. Fui comprar um doces, tava falando com ela no Facetime e falei que achava que ia ter uma surpresa para mim. Ela ficou tipo "que?", porque ela já sabia o que ia rolar. Cheguei lá, vi um monte de carro na porta, luz apagada, fiquei tipo "eita, vai ser hoje", só que eu não fazia ideia que era o pro model. Então, fui pega de surpresa, real. Passou um filme na minha cabeça, o Arthur (irmão) vindo. Desde do começo, dando um heelflip na escada, ganhando meu primeiro Skate League, meu primeiro X Games, lá em Tóquio, minha primeira medalha olímpica. Passou um filme todinho na minha cabeça e foi muito style, muito especial.
Esse foi o momento mais emocionante da tua carreira?
Não sei te dizer. É uma pergunta complicada. Vamos pular para a próxima (risos).
Temos uma nova geração de skatistas, temos a Raicca (Ventura), a Sofia (Godoy), meninas que também são inspiradas por ti. Como tu vê essas meninas que tão surgindo?
Com certeza, elas estão vindo muito fortes. É surreal como elas tão andando, elas tão bem demais. Elas estão mandando manobras que meninas que estavam começando há dois anos não mandavam. Para mim, é muito especial e muito importante, porque a cena do skate era muito marginalizada e depois das Olimpíadas mudou a cabeça de muitas pessoas. Fico muito feliz de estar apoiando e incentivando. Elas estão me apoiando e me incentivando também. É muito style isso.
E como foi a sensação de ganhar o X-Games, um evento tão importante no meio dos esportes radicais?
O X-Games sempre foi meu sonho ganhar, desde novinha mesmo. Eu já tinha ido para dois campeonatos e nos dois tinha acabado em quarto lugar. Coloquei na cabeça que eu tinha que ganhar, que eu precisava ganhar, não por mim só, mas por causa de mamãe, que sempre está comigo, sempre quer meu bem. Essa vitória era para ela também. Ir para o Japão, ter que comer comida que a gente não está acostumado, é muita luta. Para ir lá, ficar uma semana, treinar, sem comida que a gente está acostumada, é ruim passar por isso. Fui para lá com a minha mente em ganhar, jogar o flipboard back e fazer uma linha bonita, fazer um campeonato bom e deu certo.
Como tu fazes para lidar com a pressão que as tuas conquistas trazem para ti?
Que pressão? (risos)
Porto Alegre tem a maior pista da América Latina, tu tens vontade de vir para cá?
Tenho, com certeza. Eu já fui para Porto Alegre uma vez, acho que foi em 2019. Fui na spot e no IAPI, que foi muito style. Eu nunca tinha ido, quando eu via os caras andando lá, sempre quis ir lá e espero esse ano ainda, se tiver algum campeonato, colar por aí.