O Rio Grande do Sul é costumeiramente representado no futebol feminino nacional por Inter e Grêmio. Mas o ano de 2022 já é diferente. O final de semana marca o início do Brasileirão Feminino A-3, que contará com clubes do Interior do Estado. Juventude e Flamengo de São Pedro abrem eliminatória neste domingo (12), às 15h, no estádio Homero Soltadelli, em Flores da Cunha. Quem chegar até às semifinais garantirá acesso para a segunda divisão.
Essa competição é uma novidade no calendário do futebol feminino a partir da iniciativa de desenvolvimento da Confederação Brasileira de Futebol. Os dois clubes conquistaram o direito de participar através de dois critérios previstos em regulamento: o Flamengo, por ter vencido o título do Interior no Gauchão do ano passado, e o Juventude, pela posição em 24° no ranking nacional de clubes.
Nesta primeira etapa, serão 32 times em duelos de ida e volta, com confrontos definidos por critérios geográficos. Os classificados avançam para novos mata-matas rumo à final. Os quatro clubes semifinalistas da Série A-3 subirão de divisão e disputarão a A-2 em 2023.
Quem passar no duelo entre as equipes gaúchas enfrentará Ipatinga-MG ou Criciúma na segunda fase. O primeiro jogo terminou com vitória do clube mineiro por 3 a 1.
Independentemente do futuro na competição, o presente precisa ser valorizado. Logo na primeira edição desta competição nacional, o futebol gaúcho revela alguns talentos que ainda estavam escondidos, pouco conhecidos. O investimento e a visibilidade têm feito a diferença.
Com a reabertura do departamento feminino no ano passado, o Juventude está em processo de formação de grupo. O primeiro passo vem da base. Neste ano, terminou a disputa do Brasileirão Feminino sub-20 na terceira posição de um grupo com Corinthians, Avaí Kindermann e Botafogo-PB. A goleira Lívia, nascida em Toyokawa, no Japão, foi um dos destaques. Aos 19 anos, ela fala do peso deste novo torneio e prega respeito as adversárias.
— Estamos com um time bem novo. A maioria das meninas são do sub-20. Cheguei agora, mas recebi informações de que o Flamengo, no ano passado, venceu o Ju no Gauchão. Mas falam que é um time muito raçudo, que não tem bola perdida. É o primeiro campeonato A-3, a responsabilidade dobra. A gente veio para fazer o Ju crescer ainda mais no feminino — disse a GZH.
Figurando nas competições profissionais há pouco mais de um ano, o Flamengo de São Pedro tem mostrado que é preciso acreditar e investir conjuntamente no sonho das mulheres. O time de Tenente Portela, no noroeste do Estado, foi pioneiro a promover atletas indígenas. Em 2022, a safra de jovens da base vem ganhando protagonismo.
— As mudanças que estão ocorrendo são muito importantes. Elas (jogadoras) estão sendo um espelho para a cidade, mostrando a importância da valorização para o futebol feminino. Eu me sinto muito feliz em saber que somos uma equipe que vai representar uma região do Rio Grande do Sul. Aumenta o compromisso de que temos que fazer as coisas bem feitas, pensando no coletivo e seguindo a nossa luta — aponta Ildo Scapini, fundador do projeto do Flamengo de São Pedro.