
O ano tem sido atípico para o departamento feminino do Brasil de Farroupilha. Depois de duas temporadas consecutivas participando do Brasileirão Feminino A-2, as gurias do rubro-verde bateram na trave no Gauchão Feminino, tropeçaram nos pênaltis para o Flamengo de São Pedro e ficaram sem a vaga na A-3 deste ano.
Desde então, as atletas do elenco transferiram-se para outros clubes. A goleira Sabrina foi para o Criciúma, a atacante Fran Barbosa vestirá a camisa do Ipatinga-MG, a zagueira Letícia defenderá as cores do Botafogo, e por aí vai. Mesmo assim, o presidente do clube, Chico Sutilli, afirma que o Brasil-Far participará do Gauchão Feminino e, para isso, terá de recomeçar a montagem do grupo.
— A gente vai disputar (o Gauchão Feminino). Como fazer futebol com dinheiro já é difícil, com pouco ou quase nada é quase impossível, está desativado o feminino neste momento. Temos aqui, nas categorias de base, algumas meninas treinando junto, até formar um grupo para trabalhar só com elas. A Tati (Pozza, coordenadora do futebol feminino), junto com a parceria da Dalponte, e mais algumas empresas, estava montando uma competição de futsal feminino para tentar buscar nomes no nosso entorno para formar o nosso grupo, mas a data foi adiada agora, por reforma nos pavilhões em que seria realizada a competição. Estamos trabalhando, buscando informações de atletas no nosso entorno, aqui no Sul, para logo ali na frente, quando a gente começar os trabalhos, já ter um pré-time formado, para início de trabalho — destaca.
O presidente também enfatiza a dificuldade de lidar com um calendário tão curto. O Gauchão Feminino de 2021 se encerrou em dezembro. E, como ficou sem a vaga na competição nacional, o Brasil-Far voltará a campo apenas em junho, quando se inicia o Estadual 2022.
— Temos pouquíssimas gurias pela pandemia ter dado aquela travada, e por não termos futebol contínuo o ano todo. Isso dificulta um monte, porque quanto tu estás tomando aquele gosto, está andando, as competições acabam. O tempo é muito longo entre uma e outra, e vai se perdendo tudo. Pelo lado feminino também é muito complicado para nós, porque as gurias vivem dos seus empregos, dos seus trabalhos, os treinos são à noite. As dificuldades são imensas: no financeiro, na parte de formar uma equipe, um elenco grande de atletas, e a dificuldade de ter treino para entrosar.
Foco na base
De acordo com o presidente Chico Sutilli, a ideia é, aos poucos, fortalecer as categorias de base do clube nos dois naipes — masculino e feminino.
O feminino esteve mais em evidência nos últimos anos do que o masculino aqui em Farroupilha.
CHICO SUTILLI
presidente do Brasil-Far
— Ao longo do tempo, a nossa ideia é trabalhar muito a base para formar um elenco feminino desde o zero para ter uma equipe competitiva, para poder tê-las treinando durante a semana, em período mais intenso, para formar uma equipe já chegando para o profissional, para profissionalizá-las mesmo — enfatiza, complementando a importância que o feminino teve para levar o nome do Brasil-Far mais longe nos últimos anos:
— O feminino esteve mais em evidência nos últimos anos do que o masculino aqui em Farroupilha. E a gente quer fazer um trabalho de base nos dois setores: masculino e feminino.
Parceria com o Juventude
Por parte de torcedores há, desde que o Juventude subiu à Série A e, por consequência, teve de reativar o departamento feminino, o questionamento: os clubes conversaram para firmar uma possível parceria?
Nos últimos dias, a reportagem de GZH conversou com Renata Armiliato, coordenador do futebol feminino do Juventude, que negou qualquer contato nesse viés. O presidente do Brasil-Far também afirma que essa conversa não aconteceu. No entanto, enfatiza que o clube tem o interesse de contar com apoios para o departamento.
— Não chegou até mim nenhum contato do Juventude. No masculino, nós já formamos parceria com outros investidores que trabalham com o futebol. E no feminino é um desejo também, porque temos de alavancar o futebol.
Rifa para angariar fundos
Desde fevereiro, o Brasil de Farroupilha está organizando uma rifa para angariar fundos e viabilizar a participação nas competições da temporada — o que inclui o Gauchão Feminino. São cinco prêmios: um Fiat Strada Endurange 1.4, e quatro premiações de R$ 10 mil. A meta imposta pelo clube ainda não foi batida, e o objetivo é atingi-la nos próximos dias.
O Brasil-Far tem 83 anos, mas hoje o nosso trabalho é um recomeço.
CHICO SUTILLI
presidente do Brasil-Far
— Ontem à noite (segunda-feira) tivemos uma reunião e uma das pautas era fazer o fechamento, até o momento, desta rifa, porque logo vai ter o sorteio. Nós atingimos o objetivo parcial, porque todos nós que estamos envolvidos temos outros trabalhos em paralelo. Então, demanda bastante tempo, e o Brasil-Far tem 83 anos, mas hoje o nosso trabalho é um recomeço.
Os interessados podem adquirir as cartelas — cada uma custa R$ 20 — até o dia 22 de abril, pois, no dia seguinte, será realizado o sorteio. É possível comprar os números na secretaria do Estádio das Castanheiras, em horário comercial.
— No início sonhávamos com um número mais elevado de números vendidos, e neste final vamos fazer um trabalho mais intenso para tentar chegar no que havíamos almejado. Está faltando ainda um percentual, uns 25%, e vamos trabalhar para isso.