Tom Brady é muito mais do que um quarterback. Aos 43 anos, com seis anéis de Super Bowl e três prêmios de jogador mais valioso da temporada na NFL, ele virou uma referência de metodologia para o sucesso no esporte. Quando, no dia 20 de março de 2020, decidiu assinar com o Tampa Bay Buccaneers — uma das franquias menos vitoriosas da liga —, automaticamente mudou o patamar do time.
Depois de cinco anos com Jameis Winston, primeira escolha geral do draft de 2015, o Bucs terá um quarterback mais seguro dentro de campo e capaz de elevar o nível do entorno, mesmo que não esteja mais no auge físico.
Fora dele, é responsável por dar um novo padrão cultural à organização. Depois de anos em seguidas reformulações sob comando do general manager Jason Licht, o Bucs partiu para movimentos que deixam claro o objetivo de aproveitar a janela de dois anos do contrato de Brady.
— De maneira simples, ele mudou a franquia. Bucs tem grandes jogadores na sua história, jogadores de Hall da Fama, mas nenhum se compara ao Brady. Reportes de Tampa desde a chegada dele relatam uma completa mudança no ar durante os treinos. Desde os treinos organizados por conta própria com os jogadores durante a quarentena imposta aos times, até a mudança no clima do training camp. Hoje, o Bucs vive com a obrigação de performar. Resumindo, a presença dele criou em cada membro do time, do estafe aos jogadores, a necessidade de se buscar a excelência — avalia Bruno Nolasco, do perfil TB Buccaneers Brasil no Twitter.
Em abril, o Bucs trocou uma escolha de quarta rodada ao New England Patriots para reeditar a parceria de Brady com o tight end Rob Gronkowski — que se soma a um grupo com OJ Howard e Cam Brate. Insatisfeito com o início de carreira de Ronald Jones, o time buscou o veterano LeSean McCoy no mercado. E a ideia de melhorar na posição de running back foi a outro patamar nesta quarta-feira (2): o Bucs contratou Leonard Fournette, quarta escolha no draft de 2017 e recém-cortado pelo Jacksonville Jaguars. Eles se juntam à melhor dupla de wide receivers da temporada passada na liga: Mike Evans e Chris Godwin.
— Impacto do Fournette é grande, muito grande. A chegada dele basicamente garante uma arma de alto nível em todas as posições do ataque. O ataque agora fica impossível de se prever. O que as defesas vão fazer? Encher o box de jogadores para parar o Fournette e deixar Evans, Godwin, Gronk no mano a mano? Focar em parar o passe e deixar o Fournette marchar pelo campo? — observou Nolasco.
A defesa também tem boas peças: o linebacker Levonta David é um dos melhores e mais subvalorizados defensores da liga — e a posição também conta com Devin White. No edge, para pressionar os quarterbacks adversários, estão Shaquill Barrett, líder da NFL em sacks em 2019, e o veterano Jason Pierre-Paul. O interior da linha defensiva conta com Vita Vea, um dos jovens nose tackles mais promissores da liga. As maiores questões ficam na secundária. Os dois principais cornerbacks são escolhas de segunda rodada recentes: Carlton Davis e Sean Murphy-Bunting. Os safeties são Mike Edwards e Justin Evans, mas Antoine Winfield Jr., escolha de segunda rodada no draft passado, pode ganhar espaço.
Para Nolasco, a maior preocupação ainda está no ataque, apesar de todo o talento acumulado:
— O lado direito da linha ofensiva é o que mais me preocupa hoje. Tristan Wirfs é um calouro de ótimo potencial e será o right tackle titular. Como qualquer calouro, espero algumas dificuldades por parte dele este ano. Do lado dele, o right guard Alex Cappa sofreu bastante ano passado e ainda não passa uma completa segurança para ninguém.
Estatística da semana
Jameis Winston, quarterback do Bucs na temporada passada, lançou 30 interceptações — algo que não ocorria na NFL desde Vinny Testaverde em 1988. Tom Brady soma 29 interceptações nas últimas quatro temporadas.
Jogador fora do radar
Scott Miller pode ficar perdido entre tantas armas ofensivas do Bucs, mas é um recebedor do estilo que se encaixa bem com Brady. Ágil, tem chance real de virar o terceiro WR do time e ter um papel importante na adaptação de Brady ao sistema ofensivo do técnico Bruce Arians.
Fique de olho
O Buccaneers não é campeão da NFC Sul desde 2007, mesmo ano em que o New England Patriots de Tom Brady terminou a temporada regular com 16-0. Foi também a aparição mais recente do time nos playoffs — e terminou logo cedo, com uma derrota na rodada de wild card para o New York Giants, que venceria também o Patriots de Brady no Super Bowl.