Quando Patrick Mahomes assinou um contrato que estendia o seu vínculo com o Kansas City Chiefs até 2032 por mais US$ 450 milhões, uma extensão de 10 anos, ficou clara a intenção de construir um projeto vencedor de longo prazo. Meses antes, Mahomes liderou o Chiefs a três viradas nos playoffs da NFL, a última delas sobre o San Francisco 49ers no Super Bowl 54, e garantiu o primeiro título da franquia em meio século.
O projeto de longo prazo do Chiefs passa em primeiro, obviamente, pelo seu jovem quarterback. Mas a sequência tem a mesma linha de raciocínio: priorizar o topo do elenco. Desta forma, também saíram extensões para o defensive tackle Chris Jones, o líder defensivo do time, e para o tight end Travis Kelce, um dos esteios do ataque arquitetado por Andy Reid. Somados aos contratos já caros do recebedor Tyreek Hill e do edge Frank Clark, o Chiefs compromete uma parte significativa do seu teto salarial com apenas alguns jogadores.
Na prática, o estafe liderado por Reid e pelo general manager Brett Veach entende que estas peças são a base primordial para o sucesso do time nos anos 2020. Mas, para dar suporte e manter o time competitivo em uma Era de contratos curtos para novatos, ser efetivo no draft — especialmente nas rodadas inferiores — será fundamental. O exemplo está na própria base: dos atletas mencionados no começo do texto, só Mahomes foi selecionado na primeira rodada — Tyreek Hill é o exemplo mais óbvio, já que seus problemas extracampo o levaram a ser selecionado apenas na quinta rodada de 2016.
— O Chiefs entendeu que playmaker custa caro e faz a diferença, principalmente quando faz parte da espinha do plano de jogo da equipe. É mais fácil você montar um time bom com uma espinha dorsal cara e estruturada de jogadores nota 8, 9 e 10, e rodeá-la de jogadores úteis e baratos, do que você montar uma equipe cheia de jogadores nota 7 e não ter impacto quando precisa. O Chiefs aprendeu também que um bom time de NFL pode ser montado pagando menos para jogadores que sobram dos primeiros dias da free agency, sabendo atacar jogadores de experiência para ajudar a desenvolver os jovens que também são baratos — analisa Eduardo Araújo, do site Liga dos 32.
O impacto mais próximo da filosofia é que, inevitavelmente, jogadores de porte médio deixem o time. Já foi assim com o cornerback Kendall Fuller, que voltou ao Washington Football Team no mercado. Sammy Watkins também deve estar no seu último ano no time.
A questão mais significativa é a linha ofensiva. Os dois tackles titulares, Eric Fisher e Mitchell Schwartz, têm contrato apenas até 2021. É ano que vem também o último ano do vínculo do safety Tyrann Mathieu, liderança da secundária.
— Quando um time vai de pagar o seu QB US$ 4,1 milhões por ano para US$ 45 milhões por ano, a margem de erro fica muito menor. O time não pode gastar tanto dinheiro na free agency. Se Mahomes continuar a jogar no nível que ele jogou até agora, eles não vão estar sob risco de implodir. Escolhas de draft e agentes livres baratos precisarão ter um papel mais crítico e prover profundidade atrás dos titulares sem um declínio drástico — explicou Brad Spielberger, analista de contratos pelo site Over The Cap e pelo Pro Football Focus.
Base do elenco do Chiefs:
QB Patrick Mahomes — contrato até 2032
RB Clyde Edwards-Helaire — ate 2023 (opção para 2024)
WR Tyreek Hill — até 2022
TE Travis Kelce — até 2024
OTs Eric Fisher e Mitchell Schwartz — até 2021
Edge Frank Clark — até 2023
DT Chris Jones — até 2023
LB Anthony Hitchens — até 2022
FS Juan Thornhill — até 2022
FS Tyrann Mathieu — até 2021
K Harrison Butker — até 2024
Estatística da semana
Andy Reid tem dois anéis de Super Bowl. É verdade que o conquistado na temporada passada é o mais importante, porque foi o seu primeiro como head coach. Mas Reid conquistou também o título na pós-temporada de 1996, quando era técnico de tight ends e assistente de linha ofensiva do Green Bay Packers.
Jogador fora do radar
Com a saída de Fuller e a suspensão de Bashaud Breeland por quatro jogos, a posição de cornerback é a mais fragilizada do elenco do Chiefs. Por isso, haverá um peso grande sobre Charvarius Ward. A tendência é que ele seja o principal CB do time no primeiro quarto da temporada.
Ward não foi draftado em 2018 e assinou logo depois com o Dallas Cowboys. Antes do início da temporada, foi adquirido em troca de Parker Ehinger, jogador de linha ofensiva. Se não foi espetacular nos dois primeiros anos com o time, a solidez foi suficiente para ajudar em 2019, em um sistema com Steve Spagnuolo que exige menos talento individual da secundária.
Fique de olho
O coordenador ofensivo do Chiefs, Eric Bieniemy, é provavelmente o principal candidato a receber uma chance como head coach na NFL. O treinador de 51 anos está no Chiefs desde 2013, contratado na comissão original de Reid em Kansas City. Até 2017, foi técnico de running backs, e está no cargo atual nas últimas duas temporadas. Os dois outros coordenadores ofensivos de Reid no Chiefs viraram técnicos principais: Doug Pederson (Philadelphia Eagles) e Matt Nagy (Chicago Bears).