Nesta semana, GaúchaZH ouve treinadores que passaram pela dupla Gre-Nal neste século para relembrar histórias de bastidores de suas passagens por Porto Alegre e saber mais sobre a continuidade de suas carreiras.
Com uma carreira vitoriosa como treinador das categorias de base, Julinho Camargo viveu a rivalidade Gre-Nal ao seu extremo em 2011. Depois de ocupar o cargo de auxiliar técnico de Paulo Roberto Falcão, no Inter, no primeiro semestre, ele aceitou o convite para comandar a equipe principal do Grêmio no Brasileirão. A experiência, porém, não foi duradoura.
Ainda assim, Julinho deu sequência a sua carreira longe da Capital, trabalhando em clubes de fora do Estado, mas também no interior gaúcho. Quase uma década depois de sua passagem pelo Estádio Olímpico, o profissional atendeu GaúchaZH e fez um balanço desta trajetória.
Você iniciou o ano no Novo Hamburgo, disputando o Gauchão. Como está a sua carreira agora?
Em março, eu tive dois convites para trabalhar, um em Minas Gerais e outro no Nordeste. Mas as duas situações acabaram se diluindo e não aconteceram por conta do coronavírus. Isso aconteceu para todo mundo, em todos os segmentos de trabalho. Moro em Rainha do Mar, no litoral gaúcho, e estou recluso aqui com minha família. Pretendo ficar assim até segunda ordem, porque saúde não se compra, e temos que cuidar de quem a gente ama. É preciso aguardar com cautela, paciência e serenidade.
Pela sua experiência em clubes do Interior, eles teriam estrutura para retomar o futebol durante a pandemia de coronavírus?
Realmente, é bem diferente a estrutura de um clube do Interior para os grandes da Capital. É um momento totalmente atípico e, por isso, quem tem uma condição financeira melhor desenvolve melhor o seu treinamento. Creio que as equipes do Interior vão ter bastante dificuldade para realizar o seu dia a dia como faziam antes. Entendo que é um período muito difícil e sensível que estamos vivendo.
Trabalhei no Inter e no Grêmio e tenho um apreço muito grande pelos dois clubes. Sou grato à dupla Gre-Nal e às duas torcidas
JULINHO CAMARGO
ex-treinador do Grêmio e ex-auxiliar técnico do Inter
Como você avalia sua passagem como técnico do Grêmio em 2011? Faria algo diferente?
Também tive algumas passagens bacanas pelo Goiás, na Série A, e pelo Sampaio Corrêa, que é um grande clube do Norte, mas a passagem pelo Grêmio, com certeza, foi o ápice em termos de clube. Foi uma passagem rápida, em um momento que meu nome não tinha um elo muito forte com a direção e, quando não se tem esse suporte junto ao presidente, a gente acaba não tendo uma vida útil de trabalho. Lastimo por ter sido um momento que não foi harmônico neste sentido. Trabalhei por oito anos no Inter e oito anos no Grêmio e tenho um apreço muito grande pelos dois clubes. Olho minhas passagens sempre com bons olhos e aprendi muito naquele momento. Sou grato à dupla Gre-Nal e às duas torcidas.
No Grêmio, você também fez um belo trabalho nas categorias de base, conquistando títulos e revelando muitos jogadores. Quais foram os principais atletas que passaram por você?
Foram cinco anos de juniores, em que a gente teve oito títulos, 11 finais e 39 jogadores revelados. Tivemos o Carlos Eduardo, o Lucas Leiva, o Douglas Costa, Marcelo Grohe, Cássio, Rafael Carioca, Léo. Em cada posição, vamos lembrar de três ou quatro nomes. Foi uma época muito bacana, que teve um vestiário muito forte. Foram anos positivos, que renderam frutos, em um momento em que o clube vinha de um rebaixamento e, de 2005 a 2009, conseguimos não apenas fornecer jogadores ao profissional, mas com potencial de venda que deram retorno financeiro ao clube. Fico feliz por ter feito parte deste momento.
Antes de ter uma continuidade maior como técnico de equipes profissionais, você trabalhou como técnico de categorias de base e auxiliar técnico. Voltaria a trabalhar nestas funções?
São 31 anos de profissão e uma longa trajetória, onde fui técnico de categorias de base, do profissional, fui auxiliar técnico do Carpegiani e do Falcão. E encaro todas as nuances como muito boas. Foi muito gratificante ter sido auxiliar técnico. Vejo todas estas funções com bons olhos e estou sempre aberto a estas situações, porque entendo que elas me dão uma possibilidade positiva de trabalho. Quando você trabalha, é importante que se sinta feliz no que está fazendo. E, em todas estas funções, me sinto realizado.