Este dia 21 de abril marca os 14 anos da morte de um dos maiores treinadores de futebol da história do Brasil: Telê Santana. O mineiro de Itabirito morreu depois de ficar por cerca de um mês internado devido a uma infecção intestinal, que acarretou uma série de outras complicações que o levaram a perder a vida.
Ex-jogador do Fluminense nas décadas 1950-60, o ponta-direita apelidado de Fio de Esperança, após um concurso feito pelo carioca Jornal dos Sports, transformou-se em um dos principais treinadores brasileiros a partir de 1971, quando comandou o Atlético Mineiro na conquista do primeiro Campeonato Brasileiro.
Depois, ainda treinou São Paulo e Botafogo até desembarcar em Porto Alegre, em 9 de setembro de 1976, para substituir Paulo Lumumba no Grêmio. E foi sob seu comando que o Tricolor retomou a hegemonia do Campeonato Gaúcho após oito anos de domínio do Inter. No Olímpico, permaneceu até o fim de 1978.
– Se ele foi campeão brasileiro, pode ser gaúcho – disse o então presidente Hélio Dourado aos repórteres de Zero Hora dias depois da chegada do técnico, então com 45 anos.
No Rio Grande do Sul, montou uma grande equipe com nomes experientes, como os uruguaios Ancheta, zagueiro da Celeste na Copa do Mundo de 1970, e Walter Corbo, goleiro reserva da lenda Mazurkiewicz no Mundial do México. Além deles, o zagueiro Oberdan, o volante Vítor Hugo, o meia Tadeu Ricci e os atacantes Tarciso, André Catimba e Alcindo Martha de Freitas se destacavam ao lado de jovens como o zagueiro Cassiá Carpes, o meia Jorge Leandro e o atacante Éder, que ao lado do próprio Telê faria parte da histórica Seleção Brasileira que encantou o mundo nos ano 1980.
A estreia de Telê aconteceu em 12 de setembro de 1976, em um 0 a 0 contra o Santos, pelo Brasileirão. No ano seguinte, a reconquista do Gauchão era o grande objetivo gremista e ela foi atingida com uma vitória sobre o então bicampeão brasileiro Inter, por 1 a 0, gol de André Catimba, que ficou imortalizado pela cambalhota mal sucedida do camisa 9.
No Grêmio, Telê trabalhou em 175 jogos, com 102 vitórias e apenas 24 derrotas. Em Gre-Nais, obteve sete vitórias, cinco empates e seis derrotas em 18 partidas, e chegou a ficar invicto por sete clássicos, entre junho de 1977 e setembro de 1978, incluindo nesse período, além do título estadual, a histórica goleada por 4 a 0, no Beira-Rio, no Brasileirão de 1977.
É o 10º treinador que mais dirigiu o Tricolor em sua história, e depois de deixar Porto Alegre passou pelo Palmeiras, antes da Seleção Brasileira e da consagração no comando do São Paulo, onde conquistou o bicampeonato da Libertadores e Mundial Interclubes em 1992-93.
Exigente e detalhista, sempre foi elogiado por todos aqueles que puderam acompanhar de perto seu trabalho.
– Eu aprendi uma coisa com o Telê: quando você chega à linha de fundo, não na bandeirinha de escanteio, mas quase dentro da grande área, a bola tem de terminar na área – disse o treinador Antônio Carlos Zago, ex-Inter, ao recordar os anos em que trabalhou com o histórico técnico no São Paulo.
Uma das frases mais marcantes de Mestre Telê dá a dimensão do seu grau de exigência.
– É impossível atingir a perfeição, mas é possível aproximar-se dela.
Em 2019, foi apontado como o 35º melhor técnico de futebol do mundo, em todos os tempos, de acordo com lista publicada pela revista francesa France Football, que escolheu os 50 maiores nomes da história.