A moda está aí. Depois dos títulos de Jorge Jesus, no Flamengo, e o vice-campeonato brasileiro de Jorge Sampaoli com o Santos, trazer técnico estrangeiro para o futebol do Brasil virou quase que uma questão de sobrevivência. E a certeza de que dali surgirão grandiosos trabalhos. Eis a questão.
Em conjunto com o Marcos Bertoncello, colega da equipe de esportes da Rádio Gaúcha, estamos preparando um farto material sobre os técnicos do futebol brasileiro neste século. Fizemos uma longa pesquisa de clubes trabalhados, títulos, tempo no cargo e elaboramos um ranking com os 30 maiores nomes da profissão de 2000 a 2019. Em breve, este material vai estar disponível para nossos leitores, ouvintes e internautas.
Paralelamente ao ranking de brasileiros, também pelo efeito "Jesus/Sampaoli", registramos um ranking de estrangeiros que aqui trabalharam nos principais clubes neste período. E o dado que fica: antes de Jesus, só um título estadual entre 10 nomes de treinadores nascidos fora do Brasil em 20 temporadas. Foi um Gauchão do Inter, com o uruguaio Diego Aguirre, em 2015.
É bem verdade que desde 2010 o interesse dos dirigentes brasileiros por técnicos de fora vem crescendo paulatinamente. O uruguaio Jorge Fossati foi o primeiro deste período, no Inter. Depois vieram outros uruguaios como Juan Ramón Carrasco e Diego Aguirre, os colombianos Juan Carlos Osorio e Reinaldo Rueda, os argentinos Edgardo Bauza, Ricardo Gareca e Jorge Sampaoli, e os portugueses, Paulo Bento e Jorge Jesus. Ainda antes disso, lembremos de Lothar Matthäus, Daryo Pereira, Roberto Rojas e Hugo de León no início do século. Nada de taça.
Então, meus amigos, devagar com o andor nesta hora. Os méritos de Jesus e Sampaoli devem ser exaltados. Mas esperemos um pouco mais. O que trago aqui são números e fatos. Já com as conquistas de 2019, os técnicos de fora ganharam três taças no futebol brasileiro. Nem tudo que fazem é excepcional. Nem tudo que os nossos fazem, é uma desgraça.
OS GRINGOS NO FUTEBOL BRASILEIRO
- JORGE JESUS — O português já estaria entre os estrangeiros mais pontuados a trabalharem no Brasil neste século. Mas as conquistas da Libertadores e do Brasileirão, fizeram ele disparar na ponta.
- EDGARDO BAUZA — A passagem pelo São Paulo em 2016 foi conturbada, mas o argentino tem duas Libertadores no currículo (LDU e San Lorenzo).
- JORGE FOSSATI — O uruguaio não só treinou como jogou no Brasil. Foi goleiro do Avaí e do Coritiba no final da década de 80. Como técnico, fracassou no Inter. Mas foi muito vencedor no Equador e no Catar nos últimos 20 anos.
- JORGE SAMPAOLI — Admirado pela campanha do Santos em 2019, o argentino só conquistou títulos como técnico no futebol chileno: com Universidad de Chile ou com a Seleção.
- REINALDO RUEDA — Sua passagem pelo Flamengo em 2017 lhe rendeu um vice-campeonato da Copa Sul-Americana. Os grandes momentos mesmo, vieram com o Atlético Nacional, de Medellin, entre 2015 e 2016.
- JUAN CARLOS OSORIO — Deixou boa impressão no São Paulo em 2015 mas nada ganhou por aqui. Seus títulos mais expressivos foram obtidos na Colômbia, com Once Caldas e Atlético Nacional.
- RICARDO GARECA — Passagem discreta pelo Palmeiras em 2014. Mas grandes conquistas com o Vélez Sarsfield entre 2009 e 2013 o fizeram subir no ranking. Tem boas campanhas na Seleção Peruana, atualmente, mas sem taças.
- DIEGO AGUIRRE — O uruguaio é o único estrangeiro, ao lado de Jorge Jesus, que conquistou pelo menos um título treinando no futebol brasileiro: o Gauchão de 2015 pelo Inter. Fora daqui, já se deu bem no Peñarol e no futebol do Catar, onde treina atualmente.
- PAULO BENTO — Outro português com passagem por aqui, mas completamente diferente de Jorge Jesus. Bento ficou menos de três meses no Cruzeiro em 2016. Se destacou com taças pelo Sporting (POR) e por Olympiacos (GRÉ). Atualmente, treina a Seleção da Coréia do Sul.
- JUAN RAMÓN CARRASCO — Foi rápido. No Athletico-PR em 2012, Carrasco dirigiu o time por 36 jogos e não conquistou nenhum título. Sua maior conquista foi o Campeonato Uruguaio em 2011, pelo Nacional.