Em meio a reuniões tensas com sindicatos e encaminhamento de projetos polêmicos à Assembleia Legislativa, Eduardo Leite viveu uma noite de informalidade — sem deixar de falar em temas delicados. O esporte foi a pauta que levou o governador ao Cardápio do Zé desta quarta-feira (6). Leite abordou questões como a recriação de uma secretaria exclusiva para o esporte, a vinculação da atividade desportiva com a área educacional, o direcionamento de verbas para clubes de futebol sob forma de patrocínio, o veto às bebidas no interior dos estádios e a questão da força pública agindo nos jogos.
Torcedor "de arquibancada" do Brasil-Pel, Leite falou de sua origem xavante, do comparecimento constante, ainda quando prefeito de Pelotas, ao estádio Bento Freitas e saudou a volta do rival ao Gauchão — retorno que será coroado no próximo dia 17 de março, com o clássico Bra-Pel.
— Meus assessores até me alertaram de que eu poderia perder votos com a torcida do Pelotas, mas não teria como negar uma vida inteira de paixão pelo Brasil. Todos sabiam disso. Agora volta o Bra-Pel. É muito bom para a cidade, e estou contente pois a data foi alterada. Estava marcado para o dia do meu aniversário (10 de março), e agora talvez dê para abrir uma brecha na agenda e comparecer na Baixada.
Ao lado do governador estava o secretário de Esportes e bicampeão mundial de judô João Derly. Os dois brincaram com o recente jogo entre Inter (time de Derly) e Brasil-Pel. Eduardo Leite justificou a reativação de uma secretaria para o esporte pela abrangência da atividade desportiva como elemento de formação educacional, atividade econômica e fenômeno de inclusão social. O secretário, por sua vez, mostrou planos de integração com outras secretarias para difusão de projetos e obtenção de recursos, seja para fomentar projetos em escolas ou incentivar atletas de ponta.
Em mais uma negativa quanto à possibilidade de privatizar o Banrisul, Eduardo Leite aprovou a forma com que a instituição patrocina atividades esportivas, especialmente com os contratos com a dupla Gre-Nal.
— O contrato do Banrisul com Grêmio e Inter é definido pelo mercado. A exposição das marcas dos grandes clubes é um grande negócio publicitário, avaliado pela respectiva área do banco e que vem se mostrando altamente compensador.
Outro ponto que vem sendo cobrado dos governos é a cessão de áreas públicas aos clubes, como aconteceu com o Grêmio no CT Luiz Carvalho e que está sendo postulado pelo Inter para construir o CT em Guaíba.
— Não existe doação. Os clubes assumem responsabilidades e contrapartidas. Há um compromisso com a comunidade — explicou.
Recentemente, Eduardo Leite vetou o projeto de lei que libera no Rio Grande do Sul a venda de bebidas alcoólicas no interior dos estádios. A nova composição da Assembleia Legislativa apreciará a questão e pode derrubar o veto, mantê-lo, ou criar um novo projeto. Mesmo de posição contrária ao consumo de bebida nos campos, Leite admite que uma nova lei pode merecer sua aprovação:
— Chegaram até a divulgar uma foto minha bebendo cerveja no estádio durante a Copa do Mundo. Isso depõe a meu favor, pois estava ali consciente dos meus atos, dentro da lei, que durante o Mundial permitia que eu o fizesse e devidamente identificado. Não temos todos os mecanismos para tornar tão seguro este consumo e as consequências. Eu, contudo, vetei o projeto principalmente porque ele teve pouco tempo para ser discutido. Foi aprovado de maneira apressada e tinha coisas inexequíveis, como a possibilidade de venda de bebidas só durante um tempo do jogo. Será muito bom o assunto ser apreciado por uma nova composição da Assembleia para que, talvez surja um novo projeto.
A presença da Brigada Militar nos estádios, tão discutida nos últimos anos, tem a simpatia do Governador. Eduardo Leite vê como problemática a mobilização de centenas de policiais para os eventos, deixando carente as ruas, mas admite que acha imprescindível a presença da força pública.
— Temos de evoluir nesta discussão — resumiu.