Los Angeles vive uma explosão esportiva como há tempos não se via. LeBron James é do Lakers, Manny Machado é do Dodgers, Chip Kelly é o novo técnico de UCLA. Isso sem falar em todas as centenas de atividades que uma metrópole da importância econômica e cultural como esta pode oferecer. É neste cenário de competição extrema que Rams e Chargers chegaram — e chegaram fazendo barulho.
A primeira ação do Rams na volta a Los Angeles foi subir no draft de 2016 para garantir Jared Goff, o quarterback do futuro. No ano seguinte, apostou no jovem técnico Sean McVay e colheu frutos da parceria imediatamente. O Chargers foi mais conservador, mas ainda assim conseguiu se recuperar de um início trágico na temporada 2017 e terminar com uma perspectiva positiva para 2018.
Em 2020, as duas franquias se mudam para o novo Los Angeles Stadium at Hollywood Park, que terá capacidade para 70,2 mil torcedores (pode ser expandida para 100 mil no caso de um Super Bowl, que será disputado no estádio em fevereiro de 2022) e tem um custo total estimado em quase US$ 5 bilhões.
A concorrência é forte, mas o jornalista Vincent Bonsignore, setorista do Los Angeles Rams no site The Athletic, acredita que os dois times terão sucesso pela alta popularidade da liga.
— É a NFL, a liga mais popular dos Estados Unidos. Com o passar do tempo, ambos os times vão encontrar o seu caminho. Enquanto Los Angeles é um mercado esportivo lotado, se você olhar para os números de todos os times, eles sempre vão ser apoiados. Estão geralmente entre os melhores em suas respectivas ligas — relata.
Apesar da confiança, é bom os resultados aparecerem enquanto os times ainda jogam em estádios provisórios, porque Los Angeles não costuma dar espaço para perdedores.
— Essas equipes competem não só entre si, mas também com outros esportes da mesma metrópole e com outras formas de entretenimento. Elas precisam muito ser atraentes. É diferente de times como Packers, Jaguars ou Bills, que ficam em cidades bem menores, onde se sobressaem e acabam sendo a grande fonte de entretenimento para o povo, mesmo quando estão em má fase — analisa Paulo Mancha, comentarista dos canais ESPN.
A preocupação é maior para o futuro do Chargers, porque o Rams já havia atuado em Los Angeles entre 1946 e 1994 — o Chargers só atuou em Los Angeles no seu primeiro ano de existência, em 1960, antes de se mudar para San Diego. Ou seja, há uma base de fãs estabelecida para o Rams, enquanto toda a base do Chargers está mais ao sul, na região próxima à fronteira com o México.
— Penso que o Chargers tenha uma montanha mais alta para escalar do que o Rams, que tem uma longa herança aqui. Está com eles montar times de qualidade e capturar a atenção e arraigar a eles próprios fãs locais enquanto criam sua base. Mas eles estão aqui para ficar, e isso vai acontecer com o passar do tempo. O Rams provavelmente vai encarar um processo mais rápido e está no caminho de montar um time muito talentoso e jovem — observa Vincent Bonsignore.
Para Douglas Policema, ex-jogador do Bulls Futebol Americano e administrador que mora em Los Angeles há um ano, a equipe liderada em campo por Philip Rivers precisa ter resultados rápidos para sustentar as questões comerciais e evitar ficar em segundo plano, como ocorre com o Los Angeles Clippers na NBA e com o Los Angeles Angels of Anaheim na MLB.
— Se o Chargers não melhorar seus resultados dentro de campo e investir pesado em bons atletas, vai perder cada vez mais espaço. O que é triste, pois é um dos times mais tradicionais da costa oeste — explica.
Apesar dos desafios e da competitividade comercial, Policema entende que Rams e Chargers tomaram decisões financeiramente acertadas ao deixar, respectivamente, St. Louis e San Diego.
— São duas cidades lindas. Porém, só beleza não movimenta dinheiro. Hoje, a capital do dinheiro na costa oeste dos Estados Unidos é Los Angeles. Como a cidade não abrigava nenhuma equipe de futebol americano, creio que os donos das franquias viram uma bela oportunidade de investimento, que vem se concretizando com o passar dos anos. A busca por ingressos aumenta e agora, com as equipes construindo seu próprio estádio, tenho total certeza de que em alguns anos Chargers e Rams estarão entre os times com mais arrecadação da NFL — diz.
O estádio, que está em fase intermediária nas obras, não será exatamente em Los Angeles. O local escolhido é Inglewood, cidade com 110 mil habitantes que fica a meia hora de carro da metrópole. Na avaliação de Paulo Mancha, o fato não é um problema comercial, porque os moradores da região estão acostumados a percorrer grandes distâncias:
— L.A. é a cidade do carro, e as distâncias lá são sempre grandes. O povo está acostumado. E não será algo novo: o estádio dos 49ers não fica em San Francisco, mas sim em Santa Clara, a 50 minutos de distância. O estádio de Giants e Jets fica em New Jersey, também longe de Manhattan. Isso é cada vez mais comum na NFL.
O Chargers, inclusive, já joga na região metropolitana. A cidade escolhida foi Carson, que abriga o pequeno StubHub Center, com capacidade para 27 mil pessoas.
Pode até não ser fácil fazer sucesso em Los Angeles. Mas com a marca da NFL estampada no peito, é difícil fracassar em um mercado tão intenso.
Estatística da semana
Aaron Rodgers assinou nesta quarta uma extensão contratual com o Green Bay Packers. O que mais chama atenção é a quantidade de dinheiro que o camisa 12 receberá logo de cara. Pelos próximos 200 dias, Rodgers receberá US$ 400 mil por dia em média.
O novo contrato tem US$ 134 milhões em quatro anos e pode chegar a US$ 180 milhões com incentivos. Como Aaron Rodgers já tinha previstos dois anos e US$ 41,6 milhões no acordo antigo, o contrato real é de seis anos, US$ 175,6 milhões (US$ 29,26 milhões por temporada).
Jogador fora do radar
Chad Kelly não é exatamente um jogador desconhecido. Afinal de contas, ele é sobrinho do membro do Hall da Fama Jim Kelly, ex-quarterback do Buffalo Bills, e passou pela East Mississippi Community College antes da instituição ganhar notoriedade na série Last Chance U. Fez os dois últimos anos da carreira universitária em Ole Miss e foi o Mr. Irrelevant de 2017 — ou seja, o último jogador escolhido naquele draft.
O primeiro ano foi decepcionante. Uma lesão no punho fez com que ele perdesse a temporada de calouro. Agora, com a ida de Trevor Siemian para o Minnesota Vikings e de Brock Osweiler para o Miami Dolphins, o jovem de 24 anos ganhou espaço mesmo com a chegada do titular Case Keenum.
As atuações na pré-temporada chamaram atenção — a ponto de tirar o posto de segundo quarterback de Paxton Lynch, draftado pelo Broncos na primeira rodada de 2016. Nesta quinta, ele será o titular na partida que fecha a participação de Denver na pré-temporada, contra o Arizona Cardinals.
Chad Kelly na pré-temporada:
Contra o Minnesota Vikings: 14/21, 177 jardas, 2 TDs, 1 INT, 104.6 rating
Contra o Chicago Bears: 7/9, 90 jardas, 1 TD, 145.3 rating
Contra o Washington Redskins: 7/11, 73 jardas, 82.7 rating
Números totais até agora: 28/41, 340 jardas, 3 TDs, 1 INT, 107.7 rating
Fique de olho
Todos os jogos da semana 4 da pré-temporada são nesta quinta-feira. Até 2016, a NFL tinha um corte preliminar de 90 para 75 jogadores — e só depois de 75 para 53. Com o fim deste primeiro corte no ano passado, o quarto jogo tem ainda mais testes de reservas. Os jogos servem basicamente para definir as últimas brigas por vagas em elencos. No sábado, um total de 1.184 jogadores perdem o emprego ou são deslocados para as reservas de lesionados.
A dica para ficar de olho é na primeira escolha geral do draft. Como Tyrod Taylor vai ser poupado, Baker Mayfield será o titular do Cleveland Browns contra o Detroit Lions.
20h Philadelphia Eagles x New York Jets
20h New York Giants x New England Patriots
20h Detroit Lions x Cleveland Browns
20h Cincinnati Bengals x Indianapolis Colts
20h Atlanta Falcons x Miami Dolphins
20h30min Baltimore Ravens x Washington Redskins
20h30min Tampa Bay Buccaneers x Jacksonville Jaguars
20h30min Pittsburgh Steelers x Carolina Panthers
21h Tennessee Titans x Minnesota Vikings
21h New Orleans Saints x Los Angeles Rams
21h Chicago Bears x Buffalo Bills
21h Houston Texans x Dallas Cowboys
21h30min Kansas City Chiefs x Green Bay Packers
23h Seattle Seahawks x Oakland Raiders
23h Arizona Cardinals x Denver Broncos
23h San Francisco 49ers x Los Angeles Chargers