Cuca foi apresentado no Santos nesta terça-feira. E o novo técnico mostrou otimismo, apesar de o Peixe estar na 17ª colocação da tabela do Campeonato Brasileiro, com 16 pontos, dentro da zona do rebaixamento. Ele não encara a situação como um "bicho de sete cabeças".
O experiente treinador já viveu isso quando comandou o Fluminense, em 2009. Antes de reerguer a equipe, Cuca afirmou que mal dormia na época. Hoje, no Peixe, a meta é levar o time de volta à zona de classificação para a Libertadores.
— Como que sai da zona do rebaixamento? Com trabalho. Não se pode desesperar. Vivi situações que eu não dormia. E aí no final conseguimos depois de 99% de chance de cair depois de salvar. Não é um bicho de sete cabeças. Equipe jovem não pode se auto-pressionar porque não vai render. Mas com apoio, vão reverter e vamos brigar por coisas boas — disse Cuca.
O Peixe enfrenta o Cruzeiro, nesta quarta-feira, às 19h30, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Cuca comandará a equipe e entende que não é título superar a zona de rebaixamento.
— Eu não quero passar pelo Santos com um treinador que não deixou o Santos cair. Isso não é título nenhum. Quero marcar meus nomes e ter conquistas, e dependo exclusivamente dos jogadores. Vou dar meu máximo para tirar o máximo deles — explicou.
Veja mais trechos da entrevista coletiva do novo treinador do Santos:
Desafio de chegar ao Peixe
Há muito tempo que não nos víamos, desde outubro, quando na saída do Palmeiras eu dei uma descansada, refrigerada, e eu, sinceramente, precisava. Há momentos que precisamos priorizar, priorizei família, e me encontro plenamente disposto a executar um bom trabalho. Com muita confiança. O Santos, apesar do Z-4 com 16 pontos, tem 10 pontos a menos que o sexto e que vai para uma Libertadores. Com 23 jornadas, 69 pontos, podemos buscar uma vaga no ano que vem e é essa a grande meta que temos. Sabendo que o momento é delicado, não é de se pensar grande, mas é nosso objetivo, com muito esforço no dia a dia. Temos a Copa do Brasil amanhã, só jogo grande, dois ganhadores de Copa, a última foi em 2010. Cruzeiro foi mais recente. A gente tem uma ambição e são jogos iguais, apesar do momento não ser tão bom. Quando dirige-se um time grande, tudo pode mudar.
Chegar ao Santos com uma decisão
Conversei com o Serginho (Chulapa), falei para ele tocar amanhã e ele disse para eu ir (risos). Conheço ele, vai estar junto me ajudando. É de extrema confiança e conhecedor também. Trocamos algumas ideias da equipe e o que vamos fazer. Não adianta eu ficar em cima vendo jogo, tem que ir. Se eu estou aqui, é para trabalhar. Estarei na beira do campo e já peço apoio. Não para mim, mas para os jogadores. É uma competição muito importante.
Sobre o VAR nas quartas de final na Copa do Brasil
VAR é muito favorável a todos, vai corrigir algumas coisas que deveriam ser corrigidas no decorrer do jogo, um pênalti, algo irregular. Árbitros de vídeo chamam e juiz quase que sempre vai corrigir. Vai ser bom para o futebol, bom para todos.
Falta de tempo e conversa
Temos nove jogos em agosto, um a cada três, viagens, e é muito desgastante. Até dei parabéns por só dois jogadores lesionados. Estão de parabéns. É uma das equipes que menos tem jogadores no estaleiro. E vamos usar todo mundo. Vai ter um jogo ou outro de mais cansaço, propenso a machucar, e vão ter que usar todos. Pedi para o presidente e Ricardo um tempo de avaliar grupo sem dispensar ou contratar, porque às vezes me mostram que as soluções estão dentro do elenco. Vamos dar a eles a oportunidade de mostrar o potencial.
O que mudou de dez anos depois e anseio diferente
É aprendizado. Fiquei dois anos e meio, quase três no Botafogo. Jogamos quarta no Morumbi, perdemos semifinal para o Corinthians nos pênaltis e no outro dia eu estava aqui. São coisas que aprendemos. Hoje estou completamente motivado, renovado, pronto para dar meu máximo. Lá eu estava esgotado, fiquei menos de um mês e pedi para eu ir. Hoje é diferente, me sinto renovado e com muita vontade de me ajudar. Se Deus quiser vai dar certo.
Sequência como visitante
Não é ruim. Dá para recuperar seu grupo, não é bate e volta. Jogadores vão ficar putos, mas não faz mal. Vamos ficar direto e depois a gente passa, quando as coisas estiverem certinhas damos uma folguinha.
Nova geração dos técnicos
É normal. Daqui a pouco um deles vai entrar no meu lugar, outro no Felipão. Tomara que Felipão antes que eu (risos). A gente precisa dessa turma, precisamos do Alberto Valentim, do Jair, do Zé, do Thiago Larghi, e da nossa safra. Temos que incentivar. Mas quando o bicho pega, busca-se um pouco mais de experiência. Daqui a pouco voltam e pegam experiência. A cada dia se torna melhor. Os dois ou três estarão em grandes equipes fazendo bons trabalhos.
Avaliação do elenco
Dá (para brigar). Me lembro de 2003, no Goiás, com 10 pontos atrás do penúltimo. E o elenco era bom. Muitos foram para o São Paulo e foram campeões mundiais. É natural. Toda equipe precisa de ajustes. Temos que explorar todo esse potencial deles.
Centroavante
Não conversei ainda, mas vamos falar de hoje para amanhã. Vou praticamente morar aqui, mas vamos com calma, avaliar o que a gente tem, às vezes mostram qualidade com novo treinador. Vamos acreditar nessa qualidade reservada, se não tiver, a gente busca, mas vamos buscar soluções antes.
Jovens no elenco
Tem muitos bons, é um celeiro, aqui brota e é o melhor lugar. Eu gosto de trabalhar com jovens e fico eufórico de trabalhar com esses valores. Momento não é propício, mas vai vir. Na arrancada, teremos não só Rodrygos, mas outros com condições de titularidade. Não importa a idade, quanto ganha, se estiverem jogando bem vão ser titulares.
DNA ofensivo?
Eu tinha uma dificuldade enorme de jogar aqui, saída de jogo boa, variações. Muitos estavam aqui e por que não podem fazer até melhor? Tem jogadores chegando e não é de uma hora para outra, é resgatando pouco a pouco o bom futebol. Jogaram bem contra o América, vi o jogo aleatoriamente, presidente me ligou ontem de manhã. Quando se tem 30 chances e perde para quem teve três? Mas acontece, era jogo para não ganhar. A bola entra uma ou duas vezes quando as coisas estão bem. Mas se jogarem bem como jogaram esse jogo, tem boas chances de ganhar.
Reforços
São três vencedores, sendo que dois disputaram Copa do Mundo e foram titulares. Outro jovem no Dínamo que foi artilheiro no Guaraní, primeiro ano foi bem e depois teve uma caída. De velocidade pelos lados e vem um pouco atrás, é interessante, com outros mais experientes e o Santos tem carência de um meia. Quando falei de desequilíbrio, essa dá para sentir que é desequilibrada. Jogam ofensivos e recompõem, vamos torcer para que possam prontamente desenvolver, sem tempo grande para adaptação. Vamos ver se para o final de semana se estiverem no BID, vamos ver nos treinos para que tenham condição ideal.